Zé Dirceu: “Bolsonaro eleito, o Brasil viverá um retrocesso de 50 anos”

Dirceu diz que não participará de eventual governo de Haddad: “Nem na campanha e nem no governo, já encerrei essa minha vida como dirigente partidário.”

O Café com Informação dá continuidade à entrevista exclusiva com o ex-ministro chefe da casa Civil do governo Lula, José Dirceu. Ele esteve em Teresina para lançar sua autobiografia “Memórias” (volume 1). Em conversa com o jornalista Arimatéia Azevedo, na segunda parte do programa, ele analisa o cenário político de 2018 e os principais personagens dessa eleição presidencial.

Arimatéia Azevedo entrevista José Dirceu (Foto: Wilson Nanaia / Portal AZ)

Dirceu afirma que, em caso de vitória do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL), o Brasil viverá um grande retrocesso, sofrendo alterações internas e com as relações exteriores.

“O Brasil irá se alinhar com o que há de mais direitista no mundo, até porque ele quer criar uma internacional de direita. Ele vai isolar o Brasil do mundo. Qual a política externa dele, alguém sabe? A nossa o Brasil conhece, foi exitosa, o Lula é respeitado, participamos de todas as negociações, as exportações no Brasil foram multiplicadas por dez”, diz.

Apesar de receoso, José Dirceu não acredita na vitória do capitão presidenciável.

“A rejeição dele é muito alta e o sentimento democrático vai acabar predominando em amplos setores do eleitorado. O Haddad é um candidato que garante um dialogo, que o Brasil será governado de acordo com a constituição, mas não será super partidário o programa de governo como disse o ministro Barroso (STF), em entrevista para a Folha de São Paulo, fazendo um contra ponto ao ministro José Dias Toffoli, que afirmou que quem vencer leva.”, explica.

José Dirceu no Café com Informação (Foto: Wilson Nanaia / Portal AZ)

Sobre a questão da popularidade do candidato Jair Bolsonaro, o ex-ministro é enfático: “Esse fenômeno foi causado pelo golpe, o impeachment da Dilma”.

“Esse fenômeno foi causado pelo golpe, o impeachment da Dilma; a Lava Jato, a corrupção sempre foi usada politicamente no Brasil. Contra o Getulio o Mar de Lama, Janio Quadros não ia varrer a corrupção no Brasil? Ele era um político honesto, uma piada, Collor não ia caçar os marajás? O golpe de 64 não foi contra a corrupção? O principal problema do Brasil é a desigualdade, o racismo, preconceito, é a tentativa de introduzir no país o fundamentalismo religioso e principalmente o conflito religioso. O Bolsonaro representa um retrocesso de 50 anos. Jânio Quadros censurou a minissaia a briga de galo, porque ele era ridículo, o Bolsonaro também é ridículo. E o grave é que a elite financeira está dormindo com o inimigo”, analisou o petista.

Em relação à divisão do país, que muitos observam em relação aos candidatos a presidente do PSL e do PT, os petitas e os anti-petitas, José Dirceu afirma que não existe isso.

“Querem transformar a discussão no Brasil entre Bolsonaro e Haddad, ódio contra o PT, mas a discussão é outra. Qual a proposta política que o Bolsonaro está trazendo para o Brasil? Nenhuma de reforma política, o PT faz. Propostas para garantir as liberdades? PT defendeu as liberdades, lutou contra a ditadura e o Lula e Dilma governaram em liberdade. O Bolsonaro está pregando a volta do autoritarismo”, diz.

Uma pergunta que se ouve com frequência nas ruas é sobre as acusações sobre o PT e a credibilidade do partido com os eleitores; então o que se questiona é se Fernando Haddad não fará igual.

Arimatéia Azevedo e José Dirceu (Foto: Wilson Nanaia / Portal AZ)

“Mesma coisa que o Lula fez: criou 20 milhões de empregos, tirou 40 milhões da miséria, abriu universidade para os trabalhadores, teve um olhar estratégico para o nordeste, ele deu um impulso pro nordeste principalmente para que o trabalhador tivesse acesso à cisterna e credito. Nós já mostramos como governamos o Brasil, mas criaram um mito, que na verdade é uma infâmia, que o governo do PT foi um governo de corrupção e que tudo que tem no Brasil agora é culpa do PT.”, responde o ex-ministro.

Sobre o seu papel em um eventual governo Fernando Haddad, o petista afirma que não terá nenhuma participação.

“Nem na campanha e nem no governo, já encerrei essa minha vida como dirigente partidário. Apenas dou minha opinião, faço palestras, dou entrevistas, até porque estou divulgando meu livro, mas não tenho objetivo de participar de governo ou voltar para a direção do PT, até porque sou favorável a uma renovação geracional total no partido, quero que os jovens assumam a direção do PT, porque está na hora do partido se reinventar”, conclui.

Assista abaixo ao programa na íntegra:

 

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