Miguel Dias Pinheiro: Direita Fidalga x Direita Cafajeste

Ao falar de "parcela extremista" ele inclui no mesmo lamaçal um universo de líderes políticos defensores de Bolsonaro

Por Miguel Dias Pinheiro, advogado

Recentemente, o general do Exército da reserva Santos Cruz afirmou que não considera o ex-presidente Jair Bolsonaro um político de direita. Mas, sim, um "populista”, que chega ao "extremismo" político, que acaba prejudicando muito a direita brasileira.

"O problema não é de erros e acertos durante o governo. Os governos acertam e erram. O que assistimos foi um problema comportamental, de tentar substituir a falta de qualidade por um show de mídia, auxiliado por uma parcela extremista", disse o general. Santos Cruz considera Bolsonaro um homem  sem qualidade alguma!

Ao falar de "parcela extremista" ele inclui no mesmo lamaçal um universo de líderes políticos defensores de Bolsonaro. Que, segundo o general, "sem nível de responsabilidade”, que não representam bem uma "oposição construtiva e fiscalizadora".

Sem dúvidas, as declarações de Santos Cruz produziram ecos. E chocou muita gente! Pontuando, não custa relembrar que em épocas áureas os militares consideravam duas direitas no Brasil: uma "fidalga" e outra "cafajeste". O discurso do general, nas entrelinhas, deixa patente essa diferença: direita benéfica e outra prejudicial encampada por Bolsonaro e seguida por outros.

Para o bom entendedor, o que quis dizer Santos Cruz foi que a "direita fidalga" não é maléfica ao Brasil. Ao contrário da "cafajeste" extremada defendida por Bolsonaro e seus apoiadores e incentivadores. Com isso, incentivar e apoiar Bolsonaro é disseminar o extremismo. E isso não significa "oposição construtiva e fiscalizadora". Não interessa ao Brasil!

O general Santos Cruz é um dos militares mais respeitados de sua geração. À BBC News Brasil disse acreditar que Lula tem experiência política suficiente e saberá lidar com as Forças Armadas. E arrematou com suas últimas declarações: "Por isso, eu penso que o ex-presidente Bolsonaro não preenche as condições para liderar a oposição. Isso precisa ser feito com seriedade e trabalho e não com show de mídia".

Segundo ainda o general, a viagem de Bolsonaro para Orlando, nos Estados Unidos, descredencia-o para liderar uma oposição de qualidade. Dissecando: é da "oposição fidalga" que  o Brasil precisa no momento; não da  "oposição cafajeste".

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