Direto da Redação: o look de gala do vereador (ou quase)
A cena rendeu olhares tortos e cochichos no saguão da prefeitura
Vai, João Pereira!
O vereador de Teresina João Pereira, filiado ao Partido dos Trabalhadores e atual pré-candidato à presidência do diretório municipal da legenda, chamou atenção não por um novo projeto social, mas pelo figurino excêntrico com que apareceu em uma reunião oficial na Prefeitura nesta semana.
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O destaque? Um par de tênis Cloudnova X da grife suíça On, avaliado em R$ 1.199 — valor equivalente a um salário mínimo.

Na sola da incoerência
O problema não foi apenas o preço, mas o conjunto da obra: o calçado esportivo de alta performance foi combinado, de forma no mínimo questionável, com um terno desalinhado, amarrotado e uma camisa social desbotada, compondo um visual descrito por colegas como “estilo fim de festa”.
A cena rendeu olhares tortos e cochichos no saguão da prefeitura, onde assessores e cidadãos aguardavam por atendimento.
Estilo de luxo, base carente
Segundo fontes da própria base aliada, o vereador tem feito uso do cargo e da visibilidade da disputa interna no partido para construir uma imagem de força política — mas o contraste entre a grife nos pés e a precariedade do resto do look levantou críticas não só estéticas, mas morais. “Parece que o único contato que ele tem com a pobreza é nas eleições e com os miseráveis que vão ao gabinete implorar ajuda e sair de lá com promessas”, comentou um servidor que preferiu não se identificar.
Pisou torto
O calçado de João Pereira, conhecido por seu conforto suíço e estética tecnológica, talvez não pese tanto nos pés quanto pesa no simbolismo.
Em tempos de crise e filas por auxílio emergencial, ostentar um tênis equivalente a um mês de salário de muitos dos eleitores que representa parece, no mínimo, um escorregão ético. Afinal, o sapato caro não resolve a fome. E, quando mal combinado com a realidade social, tampouco calça bem.
Arruma outra vaga
Themistocles Filho (MDB) não poderá ser acalmado com cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado porque está impedido legalmente de ter acesso àquele emprego em que políticos se aposentam.

Isso porque somente podem alçar o olimpo das contas quem tem mais de 35 anos e idade e menos de 65 anos de idade, conforme prescrevem a Constituição Estadual, a Lei Orgânica do TCE e seu Regimento Interno.
A letra da lei
Art. 14 do Regimento Interno do TCE, repetindo o que já dizem a Constituição Estadual e a Lei Orgânica do Tribunal diz que “os Conselheiros do Tribunal de Contas serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notório saber jurídico, contábil, econômico e financeiro, ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija, em ambos os casos, os conhecimentos previstos no inciso III deste artigo.
De fora
Chico Lucas já avisou que não será candidato a nada, o que o tira da lista do bolso de Rafael Fonteles (PT), de onde sairá o vice na chapa governista em 2026.
O nome que resta praticamente é um só, o de Washington Bandeira, atual secretário da Educação, que também ten dito que não tem interesse.
O lixão
Sílvio Mendes (União Brasil) disse que o aterro controlado na zona sul de Teresina deverá ser fechado para detritos domésticos.

Vão para lá somente os resíduos de capina e varrição da cidade, o que tira de lá todo material reciclável que mantém os catadores presentes na área.
Queixa
Agora as mesmas vozes que se levantaram para colocar na conta da prefeitura a morte de um menino de 12 anos naquele local, de criticar a existência de sub-humano trabalho dos catadores, se levantam para dizer que o fechamento do aterro vai piorar a vida dos catadores.
Pode?
Revolta
Tem uma revolta, legítima até, contra uma fala do vereador Pedro Alcântara (PP) sobre os catadores preferirem seu trabalho autônomo e precário a uma formalização da atividade.
Mas é preciso que as pessoas se lembrem de que a existência de atividades degradantes para sobrevivência das pessoas resulta de fracasso do Brasil, não apenas de uma cidade.
Fracasso de políticas públicas que deveriam ser inclusivas e seguem apenas paternalistas.
Águas do Piauí
O governo do Piauí privatizou os serviços de água e esgoto nos 224 municípios do Estado e uma enxurrada de problemas foi destampada após isso.
De todo o estado surgem denúncias de falta de água nas torneiras ou de água que mais parece suco de tamarindo ou de buriti, como mostra vídeo publicado pelo perfil O Piauiense, do vereador Petrus Evelin.

Barragens sob risco 1
Em maio deste ano, completaram-se 16 anos do rompimento da barragem de Algodões, em Cocal. Nove vidas foram perdidas e toda a economia rural abaixo do reservatório foi destruída – sem retorno desde então. O governador do Piauí na época, Wellington Dias (PT) é ministro do Desenvolvimento Social, após se livrar de processo por homicídio culposo no Superior Tribunal de Justiça e o Piauí segue com barragens sem manutenção e sob risco de causar novas perdas de vidas humanas.
Barragens sobre risco 2
Um relatório da Agência Nacional de Águas (ANA) informa que no Piauí existem quatro barragens relacionadas como de elevado risco para perdas humanas: Petrônio Portella, em São Raimundo Nonato; Jenipapo, em São João do Piauí; Corredores, em Campo Maior e Salinas, em São Francisco do Piauí.
Barragens sob risco 3
As quatro barragens juntas somam uma capacidade de 880 milhões de metros cúbicos de água – o bastante para garantir o abastecimento no entorno e garantir água para irrigação abaixo dos reservatórios.
Não cuidar dessas barragens deveria ser enquadrado como um tipo de improbidade administrativa.
Barragens sob risco 4
As quatro barragens com evidência de potencial dano humano também apresentam sinais de comprometimento da estrutura e alta categoria de risco.
Tem mais
Relatório de Segurança de Barragens (RSB) divulgado nesta terça-feira (01) pela Agência Nacional de Águas (ANA) lista outras 31 barragens do Piauí com algum risco de dano estrutural
O documento relacionou mais de 11 mil barragens com prioridade de gestão de risco em todo o país, nas quais se deve verificar o cumprimento dos requisitos de segurança exigidos na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB).
Barragens no Piauí
Ao todo, o Piauí tem 59 barragens cadastradas no Sistema Nacional sobre Segurança de Barragens (SNSB). Destas, 24 encontram-se não verificadas quanto ao enquadramento na Política Nacional de Segurança. Isso corresponde a 41% do total de barragens cadastradas no Estado. O Piauí é o terceiro estado do Nordeste em quantidade de reservatórios não verificados. Maranhão (64%) e Sergipe (44%) ocupam o primeiro e segundo lugar.