Em meio ao caos no Sul, ministro Wellington participa de ato político

Ministro Wellington Dias participa de ato de campanha de Fábio Novo e deixa de visitar trágedia das chuvas no Sul

O fato de, em um momento de tragédia nacional como esta que assola o sul do país, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, estar em um evento político do PT no Piauí, é o maior exemplo de que a comoção de alguns agentes públicos só tem lugar nas redes sociais e como ato político.

Foto: DivulgaçãoPolítica

Para sermos honestos, o ministério que deveria estar nas linhas de frente no Rio Grande do Sul, dada sua responsabilidade como pasta de assistência social e combate à fome, tem seu representante máximo dando risadas em uma van com o pré-candidato à prefeitura de Teresina, Fábio Novo, ali entre os seus, distribuindo a simpatia da politicagem.

O ministro preferiu enviar terceiros, falar do ato de outros ministérios e se limitou a postagens vazias sobre a tragédia que afeta aquelas pessoas.

Enquanto isso, os mortos permanecem cobertos pela lama e os desolados choram suas perdas, pois elas não votam e não flamulam bandeiras.

E não são poucos os que perderam suas vidas e que não se sabe onde estão no Rio Grande do Sul, os números atualizados somam mais de 62 mortos e mais de 70 desaparecidos. As cidades afetadas pelas chuvas são mais de 300 em um total de 497, número que pode piorar com a subida do rio Guaíba na região da grande Porto Alegre, além de uma piora com mais água na bacia do rio dos Sinos, que atinge já a marca de 8 metros.

Os desabrigados também padecem de problemas secundários das enchentes, como gripe e leptospirose, além da fome e ausência de documentação para triagem e coleta de doações.

Os abrigos estão quase todos lotados e espaço para agregar novas vítimas das chuvas se escasseiam com novas superfícies e avanço das águas.

O governador Eduardo Leite afirma que a reconstrução será bilionária e chamou o projeto para levantar novamente o Rio Grande do Sul de 'novo plano Marshall', dada a comparação do cenário com uma zona de guerra.

E diante deste cenário de caos, enquanto ministros passeiam pelo país pedindo voto, a salvação vem de pessoas comuns, como Whindersson Nunes e até Luciano Hang da Havan, que têm posicionamentos tão diferentes, mas que vêm desempenhando o papel que, via de regra, deveria ser desempenhado por municípios, estados e pela União.

Mas embriagados pelo 'pão e circo' de cada dia, os homens-massa vão se esquecendo momentaneamente da realidade cruenta para assistir ao show da Madonna - show este pago em parte com dinheiro público, R$ 17 milhões para manter a exatidão dos números -, mas que os alegrará pelo esquecimento dos fatos e por deixar de lado os desacertos por duas horas e depois se voltarão para o mundo real. É a carnavalização das almas e as prioridades de cada um.

E aqui está o esboço do pior que existe na política e nas pessoas: a desfaçatez e a indiferença para com os necessitados, exceto pelo breve momento em que os holofotes as miram.

Mas é o arremedo de gente que se espraia que mostram pelo seu exato oposto que ainda existem símbolos de salvação, aquelas doses de veneno que provam que ainda  existe antidoto para o caos, há pessoas boas em quaisquer lados que sejam e que a caridade, uma virtude divina, ainda ronda por aí, em jovens tatuados da comédia e em empresários vestidos de verde e amarelo.

Por José Ribas Neto

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