No Brasil, 5,2 mil escolas não têm banheiros (3,78% do total de estabelecimento escolares no país. Existem ainda 8,1 mil escolas (5,84%) sem acesso à água potável e 7,6 mil (5,53%) sem serviços de esgoto. Outras 3,5 mil (2,59%). Os dados são do Censo Escolar 2021.
Sendo o país das frivolidades, futilidades e baboseiras em geral, gastamos tempo e energia com discussões mensuráveis apenas pela desimportâncias. Não focamos no fundamental e há quem se esforce para que o debate caia nesse espaço improdutivo.
Foi o que fez o decorativo Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ (CNLGBTQIA+) ao publicar no Diário Oficial da última sexta (22/9) uma resolução que estabelece parâmetros para a garantia das condições de acesso e permanência de pessoas travestis, mulheres e homens transexuais, e pessoas transmasculinas e não binárias – e todas aquelas que tenham sua identidade de gênero não reconhecida em diferentes espaços sociais - nos sistemas e instituições de ensino.
Com isso, abriu as portas do inferno e liberou mentirosos de extrema direita, que trataram de espalhar que o governo iria obrigar as escolas a criarem banheiros “unissex” ou sabe-se lá o que. Recriaram com grande gozo a mamadeira de piroca.
O governo que criou o decorativo Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ teve que correr para desmentir uma notícia falsa. Nenhuma palavra sobre o que realmente importa, que são as escolas sem banheiro ou aquelas cujos banheiros são insalubres para professore e estudantes – e essas contam-se às dezenas de milhares.
Um país que tem escolas sem banheiros ou com banheiros indignos e impróprios para uso não pode nem deve perder seu tempo discutindo quem vai usar banheiros em escolas. Quem debate isso – seja quem sugere o uso, seja quem mente sobre o uso dos banheiros – certamente não conhece o chão de escola, nunca leu os dados do Censo Escolar, nunca se deu o trabalho de saber sobre as verdadeiras prioridades das escolas brasileiras, que passam longe desse debate chato e inócuo de gente desocupada demais para gerar fatos desnecessários.