UFPI terá uma mulher no comando com desafio de refazer a Universidade

Após mais de cinco décadas de sua criação, a UFPI terá neste ano uma mulher como reitora

Após mais de cinco décadas de sua criação, a Universidade Federal do Piauí terá neste ano uma mulher como reitoraA escolha recairá sobre as professoras Livia Nery e Nadir Nogueira, que encabeçam as chapas que vão disputar os votos do Conselho Universitário.

Foto: ReproduçãoUFPI
A nova reitora da UFPI não pode nem deve ter sua gestão marcada pelo inédito comando feminino da instituição – o que deve ser celebrado, mas não como o que de mais fundamental pode esperar uma mulher na gestão universitária. Da nova reitora se espera mesmo é que seja capaz de tirar a UFPI do marasmo e dos riscos de paralisia por desinteresse ou desimportância que vão tomando conta de cursos ofertados pela instituição.

O desinteresse e a desimportância do ensino na UFPI cevaram-se na pandemia e segue robustecido pela oferta de cursos de graduação e licenciatura por instituições privadas a menor custo, com flexibilidade de dias e horários para as aulas, ensino à distância e risco zero de paralisações por greve.

Espera-se que as candidatas à Reitoria estejam cientes de coisas como as crescentes dificuldades das licenciaturas na UFPI de fechar turmas; da diminuição de turmas nas ciências sociais e humanas; de absenteísmo recorrente de professores e de um processo crescente de abandono dos alunos matriculados que, por variadas razões, vão transformando as salas de aula da Universidade Federal do Piauí em um deserto de gente e de cérebros.

Há um perigo iminente sobre a UFPI e, evidentemente, sobre todo o sistema universidade público do país – o desinteresse dos estudantes confere a esses espaços de saber uma desimportância crescente, que pode resultar – se já não resultou – em esforço de variados setores e atores socioeconômicos para reduzir ou mesmo paralisar as fontes de financiamento. 

Uma asfixia financeira ronda as universidades públicas brasileiras e quem faz essas instituições parece viver em uma bolha de vidro opaco que os impede de ver a realidade além de seu próprio e pequeno universo.
Faz sentido, assim, que se espere da próxima reitora da UPFI que seja a pessoa capaz de propor uma reinvenção da universidade, que a faça existir menos como um espaço burocrático e mais como um lugar que pulsa vida, inteligência, produção de conhecimento, possessiva busca por inovações...

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