Teresina precisa pensar em sistema de transporte descarbonizado

Olhar para o nosso transporte público de Teresina sob o viés da transição energética é praticamente uma obrigação

O ano de 2023 termina com Teresina sem um transporte coletivo digno de menção, a gestão sem rumo para definir um modelo para exploração do sistema e nenhum tempo hábil para se construir uma solução minimamente exequível para o exercício de 2024. Em um cenário de incerteza, é adequado olhar adiante e buscar fazer desses limões uma limonada.
A última solução imaginada aqui, a de adquirir ônibus usados sob o título de seminovos, contraria a melhor solução que se pode buscar em meio a um sistema colapsado: reorganizar a demanda de transporte sob o prisma da descarbonização, ou seja, a troca do equipamento rodante movido por combustível fóssil por ônibus elétricos ou híbridos, quem sabe até movidos por hidrogênio líquido produzido com matriz energética limpa.

Foto: ReproduçãoHidrogênio verde

O desafio que se coloca diante do novo gestor municipal, a ser escolhido em pouco menos de um ano, é o de partir desse ponto, ou seja, o de, na busca pela solução para a demanda por transporte coletivo urbano, se valha de uma modelagem de exploração em que descarbonização e transição energéticas estejam postas como pontos fundamentais do sistema.

Quando se fala no tema, muitos poderão considerar que esta parece ser uma realidade distante de nós em Teresina, ainda patinando na questão de transporte público com ônibus cujas emissões de gases poluentes são muitas. Porém, a realidade da descarbonização, inclusive com o uso de hidrogênio verde, está se impondo rapidamente, inclusive pela competitividade desse combustível não poluente.
Em artigo publicado na semana passada no jornal Folha de S Paulo, o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais (Secov-SP), Cláudio Bernardes, diz que “os sistemas energéticos das cidades devem mudar, em função do papel vital que representam na redução das emissões de gases com efeito de estufa, e na transição para sistemas de energia limpa.”
Também informa que “análise da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), constata que o hidrogênio verde já é mais barato do que o hidrogênio fóssil”. Nessa perspectiva, o Brasil deverá ser um grande produtor desse combustível, com custo até 18% menor que o similar gerado com energia de origem fóssil.
Assim, olhar para o nosso transporte público de Teresina sob o viés da transição energética é praticamente uma obrigação dos que tencionam governar na cidade de 2025 em diante. Exige-se, não somente para ônibus, mas para uma série de outras ações no espaço urbano, um olhar que se baseie na sustentabilidade e uso massivo de fontes energéticas menos ou não poluentes.

Comente

Pequisar