Água que danifica o Piauí se esvai e causa sede no período sem chuva

O governador Rafael Fonteles (PT) é filho de um homem católico praticante, o ex-deputado federal Nazareno Fonteles

Certamente do pai soube da história da tradição judaico-cristã sobre José, o filho de Jacó, vendido como escravo no Egito e uma vez lá desvenda o sonho do faraó, levando o rei egípcio a preparar-se para tempos de vacas magras. 

Foto: ReproduçãoBarragem rompida em Massapê do Piauí
Barragem rompida em Massapê do Piauí

A história pode parecer meio esquisita, mas faz sentido se pensarmos que na narrativa bíblica, além de um adivinho, José se mostra um planejador: sabendo que viriam anos de seca, planejou e executou um projeto para a guarda de grãos que garantiram que o Egito não passasse forme e ainda se tornasse a potência fornecedora de comida num Oriente afetado pela estiagem de sete anos.

Neste ano – como em tantos outros para trás – parece falta aos gestores do Piauí a percepção de José no Egito: guardar, se não grãos, água para os tempos de escassez. A nossa diferença é que os tempos de escassez aqui não ocorrem após sete anos de vacas gordas, como na narrativa bíblica. No semiárido, a escassez começa logo que a chuva passa.

Neste ano, pelo menos quatro barragens se romperam em cidades do semiárido e chuvas de grande intensidade foram registradas em dezenas de cidades de uma região onde a média anual de precipitações fica na casa dos 700 mm. O que foi, está o poderá ser feito diante de um sistema climático que pode ter chuvas fortes e concentradas no tempo e no espaço? Não se tem uma boa resposta, mas o mais provável que é pouco ou nada se tenha realizado para estocar ou planejar estocagem dessa água – que naturalmente se perde.

O que parece bastante evidente é a existência de um considerável número de lugares no semiárido onde se podem construir barragens que, adequadas tecnicamente, possam evitar enxurradas como as que se assistem agora e proporcionar estoques hídricos para quando as chuvas cessarem.

Pode-se considerar haver dificuldades para que o estado faça barragens, mas há que se lembrar que a suspensão ou diminuição do recorrente uso de dinheiro estadual em obras que melhor seriam feitas por prefeituras (pavimentação de vias urbanas, por exemplo), poderia abrir margem a investimentos em uma rede de estocagem de água, garantidora de segurança hídrica e de meios para agricultura irrigada que possibilita mais segurança alimentar aos piauienses viventes do semiárido.

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