Seu filho só é especial para você
Como pais modernos transformam seus filhos no pior de si e para a vida dos outros, e como resistir a isso é necessário.
Uma dessas mães adeptas da "educação positiva" — nome bonito para a falta de imposição de limites — entra em um avião. Tomada pela histeria que revela a origem do comportamento mimado do filho, ela implica com uma moça sentada na janela e exige que ceda o lugar para que seu filho veja a paisagem.
A moça permanece em silêncio, mas ainda assim é filmada e insultada pela mãe do pequeno birrento, sendo exposta nas redes sociais como vilã. Porém, o "giro" virou um "giral", e a mãe barraqueira acabou sendo criticada massivamente nas redes sociais.
- Participe do nosso grupo de WhatsApp
- Participe do nosso grupo de Telegram
- Confira os jogos e classificação dos principais campeonatos
Isso demonstra que, mesmo em uma era de irracionalidade e hipervalorização dos sentimentos, ainda existe lucidez.
Esse problema foi abordado brilhantemente pela psicologia e psiquiatria, áreas de onde surgem as possíveis soluções. Anthony Daniels, médico psiquiatra britânico que escreve sob o pseudônimo de Theodore Dalrymple, debruçou-se sobre o tema em "Podres de Mimados - As Consequências do Sentimentalismo Tóxico", publicado no Brasil pela editora É Realizações.
Daniels explora a perversidade de uma sociedade pautada por sentimentos como base principal das relações sociais. O sentimentalismo transformou-se em uma cultura que muitos utilizam para conduzir suas vidas e, pior, tentam impor aos outros.
Há em nós, fruto de uma educação romântica, uma enorme preocupação em não ferir os sentimentos alheios e em sempre alimentar a mentalidade piegas da autopiedade, também conhecida como "cultura da vítima". Essa prática é perigosa, pois concede salvo-conduto a irresponsáveis e oportunistas que desejam se sentir especiais sem mérito.
Essa geração de fracassados, que almeja sucesso sem esforço, é constantemente incentivada por profissionais despreparados, imersos em uma cultura woke. Para eles, a culpa pelos próprios fracassos recai sempre em fatores externos, como a sociedade ou um governo indesejado, enquanto assumir responsabilidades ou fazer autocrítica não é uma opção.
Segundo essa lógica, a culpa não é da mãe ou do filho incapaz de ouvir um "não", mas da moça sentada na janela.
A sociedade moderna glorifica o hedonismo e premia comportamentos imediatistas, abandonando valores como trabalho duro, sacrifício e resiliência. O problema é que viver é enfrentar dificuldades, e, ao perpetuar a ilusão de uma vida fácil, criamos uma geração fraca mental e moralmente. Esses jovens, sem perspectivas reais, recorrem à violência para lidar com suas frustrações.
O resultado? Delinquentes que acreditam merecer tudo sem esforço, e famílias desestruturadas compostas por mães permissivas e pais ausentes.
O governo, formado muitas vezes por burocratas ineptos, aprova leis baseadas em sentimentos, em vez de razão. Essas políticas aumentam a dependência institucional e minam a possibilidade de conquistas individuais.
Cancelamos Shakespeare por seu realismo, Orwell por priorizar a liberdade acima da igualdade, e criamos "espaços seguros" onde opiniões são censuradas. Até mesmo uma linguagem artificial e desprovida de sentido tornou-se obrigatória para evitar o chamado "discurso de ódio".
Demos asas à imbecilidade ao proteger os tolos de si mesmos e do mundo real, oferecendo muitos direitos e nenhum dever.
O resultado vai além de uma poltrona de avião: reflete-se em vícios, comportamentos erráticos e uma sociedade hiperemocional que explode em agressões, xingamentos e filmagens ao menor contrariedade.
É urgente conter esses danos. Como disse G.K. Chesterton: "Um golpe de machado só pode ser parado enquanto ainda está no ar."
Não há vileza em assumir responsabilidade individual, manter a disciplina e respeitar a ordem e as normas sociais. É essencial ensinar aos filhos que não são especiais, que "não" significa "não", e que ninguém é imune a críticas ou ao desprezo, essa é vida como ela é.
Fonte: Redação do Portal AZ