Convocado para a seleção da China, Aloisio (ou Luo Guofu) fala em "retribuir tudo" que país deu
Boi Bandido celebra primeira chance após naturalização e lembra escolha difícil feita há seis anos, quando rumou para o futebol chinês: "Na época, não era muito comum"
O atacante Aloisio entrou para a história da seleção chinesa ao ser convocado pela primeira vez para a equipe nesta quarta-feira. Chamado para um período de treinos em maio, ele se tornou o terceiro estrangeiro a ser chamado para o time, agora com o nome de Luo Guofu, alcunha oriental que recebeu ao se naturalizar no ano passado. E o Boi Bandido aponta que, pelo time nacional, terá a chance de retribuir o que o país lhe deu.
- Já são seis anos e meio na China e essa convocação me enche de orgulho porque significa que todo o meu trabalho e dedicação foram reconhecidos e farei de tudo para retribuir o que a China me deu. Pode ter certeza de que representarei a equipe nacional com muita honra e profissionalismo, como sempre fiz em todos os times que defendi ao longo da minha carreira - disse o atacante, através de sua assessoria.
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Aloisio China Luo Guofu — Foto: Reprodução/Instagram
O jogador do Guangzhou Evergrande chegou ao país em 2014, depois de se destacar no São Paulo, e desde então não deixou mais o futebol chinês, passando por Shandong Luneng, Hebei Fortune e Guangdong Southern Tigers antes de fechar com o maior clube do país, no fim da temporada passada. Aloisio relembrou a escolha de rumar para o país em um cenário bem diferente do atual.
- Em 2014, tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida profissional ao aceitar vir jogar na China. Na época, não era muito comum e acredito que fui um dos primeiros brasileiros a fazer esse caminho. Apesar de muitas dificuldades, sempre fui extremamente bem tratado pelo povo chinês e por todos os clubes que joguei. Superei muitos desafios, consegui triunfar e sou muito grato por tudo o que já vivi no país.
Aloisio é o segundo na lista de brasileiros que estão há mais tempo na China, atrás apenas de Elkeson, que foi para o Guangzhou Evergrande em 2013 e não deixou mais o país. O Boi Bandido já realizou 173 partidas oficiais no país, marcou 85 gols e deu 29 assistências. Agora chamado de Luo Guofu, ele conquistou uma Copa da China e uma Supercopa da China, ambas pelo Shandong Luneng, onde também foi artilheiro da liga em 2015.
O Boi Bandido conseguiu a nacionalidade chinesa ainda no ano passado, após um processo que exige que os atletas abram mão da nacionalidade brasileira. Para consegui-las de volta, é necessário um pedido de renúncia ao passaporte chinês, pendente de aprovação do governo. Além disso, os naturalizados precisam mudar de nome para serem chamados de acordo com o idioma local, deixando de lado o nome ocidental.
Após se juntar ao projeto do Guangdong Southern Tigers, da segunda divisão, com 24 gols e 17 assistências em 51 jogos, ele foi contratado pelo Guangzhou Evergrande - assim como os outros brasileiros que estão no radar da seleção chinesa. Entretanto, ainda não conseguiu estrear, uma vez que a Superliga de 2020 não foi iniciada por conta da pandemia do novo coronavírus.
- É um dos principais clubes da Ásia e sempre está brigando por títulos na China e no continente. Também gostaria de ressaltar que o Evergrande foi extremamente importante para todo o meu processo de cidadania e convocação para a seleção chinesa. Esse suporte e confiança deles e da Federação Chinesa no meu futebol foram fundamentais para eu poder chegar à equipe nacional.
Aloisio está em Guangzhou neste momento junto ao elenco do Evergrande, que treina aguardando a definição dos planos para a retomada do futebol no país, ponto de origem da pandemia da Covid-19.
- A situação mundial ainda é muito triste e complicada. Assim como todo mundo, também acompanho as notícias e fico bem chateado com tantos problemas e mortes. É um momento atípico, onde muita gente está perdendo familiares e pessoas queridas e somente com a união de todos iremos superar esse momento. Aqui na China as coisas já estão bem mais tranquilas. Os estabelecimentos já estão abertos e a população já está voltando a ter uma vida relativamente normal, mas com restrições. Todos devem sair com máscaras e antes de entrar em locais fechados é preciso fazer um teste para medir a temperatura do corpo, mas é algo bem rápido. Aos poucos, tudo está melhorando. Espero que o Brasil, assim como outros países, consiga superar logo esse momento - relatou Aloisio.
Aos 32 anos, o atacante agora aguarda para ter uma chance de atuar em partidas oficiais pela China e, possivelmente, estar na Copa do Mundo de 2022 - grande objetivo esportivo da seleção asiática e que levou a equipe a "importar" os atletas brasileiros que se naturalizaram.
- Nesse momento, gostaria de agradecer a todos que acreditaram em mim. Um abraço especial ao Sergio Basica, um cara que me acolheu lá atrás, quando eu ainda era criança, e me ajudou bastante nesse caminho tão duro. Também agradeço demais à minha mãe, uma mulher guerreira e que sempre se esforçou muito para manter a família bem. Além de um muito obrigado à família Uram, que cuida da minha carreira. São muitas pessoas para agradecer e é impossível citar todas, mas cada uma tem uma importância muito grande na minha vida. E não posso deixar de agradecer a todos os clubes que confiaram no meu futebol. Cada time tem uma parcela muito importante em todo o meu processo de amadurecimento - concluiu o atacante.