De volta a Teresina, Julia Beatriz faz do inesperado seu maior trunfo
Atleta comentou sobre futuro, emoções e o primeiro título junto a seleção brasileira
Pensar e realizar. Tudo isso pode acontecer na forma de um roteiro escrito na cabeça de cada um de nós. O roteiro escrito na cabeça de Julia Beatriz sempre a levou aos gramados. Primeiro começou a jogar em escolinhas de bairro. Chegou ate a jogar em escolinhas de futebol masculino, aos 14 anos, quando teve seu inicio. Mas ao chegar em escolinhas femininas, chamou atenção do atual treinador do Tiradentes, Toinho. O Tiradentes foi seu primeiro time profissional onde começou a ter base e disputar campeonatos a nível nacional.
Para Julia Beatriz o roteiro seguiu um caminho inesperado pela atleta. De Teresina, para Granja Comary para a África do Sul. Julia jamais imaginou pisar em campos da África com seu futebol. Jamais vai esquecer também dos dois primeiros gols com a camisa da seleção brasileira. Disputando o Torneio Brics, a seleção brasileira Sub17 venceu de forma invicta a competição levantando a taça de campeã. Entre as atletas que faziam da África do Sul seu triunfo, Julia jamais imaginaria que tudo isso pudesse acontecer.
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- Nunca. Nunca passou pela minha cabeça. Por que eu imaginava algo simples, não pensava muito por que poderia acabar me decepcionando muito. E eu sempre procurava trabalhar no dia. Naquele dia eu tinha que fazer bem, assim como em todos os outros dias, para fazer o melhor de cada dia. Nunca pensava assim tão grande. Foi muito maravilhoso. Estrear pela seleção brasileira com a camisa com teu número e com teu nome, meu Deus, fico até emocionada ainda. Realmente é algo grandioso, algo que so eu e Deus sabemos. E contar para minha família foi o melhor. Eles sempre me apoiaram me deram força, mesmo quando eu estava cansada ou não querendo fazer as atividades. Para mim foi algo muito importante. E nada melhor do que isso né. Estrear fazendo dois gols pela seleção.
(Foto: reprodução)
A estreia, os gols e a medalha. Dentro de tudo isso, Julia sentiu o peso de jogar futebol a nível de seleções. Em uma maratona de quatro jogos seguidos dentro do torneio, a prioridade dentro dos treinos da seleção foi a parte física. Julia teve que se adaptar também a isso.
- É totalmente diferente. As seleções são muito bem preparadas. Querendo ou não a gente se superou um pouco. No segundo tempo a gente ganhava mais na questão física, que é o que mais prioriza na seleção. E acho que foi importante para gente, para comissão principalmente, pois foi teste, preparação para o Mundial. Esse torneio ajudou muito tanto a gente como comissão. Foi muito importante para mim como ganho pessoal e profissional também. Querendo ou não me fez ter uma grande carga, uma grande experiência, pois eu nunca tinha ido para o exterior e fui parar na África do Sul jogando pela seleção brasileira. Então foi importante para mim.
O Torneio Brics serviu de preparatório para a Copa do Mundo feminino Sub17 que será disputada entre os dias de 13 de novembro e 1 de dezembro de 2018, no Uruguai. Até lá existirão mais convocações, mais treinos e prováveis competições a nível estadual. Julia sabe de tudo isso. O que ela ainda não quer saber é de pensar além. Fazendo do inesperado sua maior força, Julia afirmou continuar no Tiradentes até o final do ano e seguir trabalhando para as próximas convocações.
- Eu não penso muito nisso (sobre o futuro na seleção). Penso que se eu continuar trabalhando eu posso ter chances de continuar pela seleção brasileira e quem sabe estar ai no Mundial. Eu vou continuar aqui no Tiradentes, pois também estou priorizando terminar meus estudos.
(Fotos: Jade Araujo)
Adriana, Valéria e agora Julia. O ciclo feminino do futebol piauiense se apoia em talentos que brilham sobre os apagados holofotes dos estádios piauienses. Quem já foi ao Albertão e viu Julia, Valéria ou Adriana jogar poderá contar aos filhos a época em que o futebol piauiense teve representação a nível de seleção nas três categorias (Sub 17, Sub20 e principal). Quem for ao CFAP poderá ver Julia Beatriz, que mal chegou de viagem e foi treinar. A justificativa é bem simples: “não consigo ficar sem treinar”.