Atleta argelina move processo por cyberbullying e cita J.K. Rowling e Elon Musk

A boxeadora Imane Khelif alega ser alvo de comentários transfóbicos durante as Olimpíadas de Paris; Ministério Público de Paris investiga

Por Dominic Ferreira,

A boxeadora argelina Imane Khelif, que recentemente conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris 2024, entrou com uma ação judicial por ser vítima de cyberbullying durante o evento. A denúncia, que gerou repercussão internacional, inclui entre os possíveis alvos a autora J.K. Rowling e o empresário Elon Musk, acusados de promoverem comentários transfóbicos nas redes sociais em meio à competição.

Foto: Reprodução/InstagramImane Khelif alega ser alvo de comentários transfóbicos durante as Olimpíadas de Paris; Ministério Público de Paris investiga
Imane Khelif alega ser alvo de comentários transfóbicos durante as Olimpíadas de Paris.

Imane Khelif, de 25 anos, foi desqualificada do Campeonato Mundial de 2023 pela Associação Internacional de Boxe (IBA) após supostamente não cumprir os critérios de gênero exigidos para competir na categoria feminina. No entanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) permitiu que ela competisse nas Olimpíadas de Paris, uma decisão que provocou intensos debates nas redes sociais.

Foto: Reprodução/InstagramJ.K Rowling.
J.K Rowling.

Durante sua participação nos jogos, Khelif foi alvo de críticas e comentários nas plataformas digitais, especialmente após a boxeadora italiana Angela Carini abandonar a luta contra ela apenas 46 segundos após o início. J.K. Rowling, conhecida por suas posições controversas sobre questões de gênero, teria postado nas redes sociais que Khelif estava "curtindo a angústia de uma mulher que ele acabou de socar na cabeça" após a luta com Carini.

Foto: Reprodução/InstagramElon Musk.
Elon Musk.

Elon Musk, por sua vez, compartilhou uma publicação da nadadora Riley Gaines que dizia que "homens não pertencem a esportes femininos".
O Ministério Público de Paris confirmou nesta quarta-feira (14) que iniciou uma investigação sobre o caso, após uma denúncia formalizada por Khelif, que se sente profundamente ofendida pelos ataques virtuais que sofreu. Segundo seu advogado, Nabil Boudi, o processo pode resultar em acusações contra aqueles que participaram da campanha de difamação contra a atleta, especialmente se as ofensas foram feitas a partir do território francês.
Entretanto, especialistas jurídicos apontam que a aplicação da lei penal francesa contra Elon Musk e J.K. Rowling, que estão fora da França, pode ser improvável. Ainda assim, os promotores franceses podem buscar responsabilizar aqueles que enviaram mensagens ofensivas diretamente de solo francês.
O caso de Khelif atraiu a atenção mundial e reacendeu o debate sobre a inclusão de atletas transgêneros e intersexuais em competições femininas. O COI, por meio de seu presidente Thomas Bach, defendeu a participação de Khelif e da boxeadora taiwanesa Lin Yu-ting, afirmando que "esta é uma questão de justiça: as mulheres devem ter permissão para participar de competições femininas".
Imane Khelif, por sua vez, declarou que sua vitória teve um "gosto especial" diante dos ataques que sofreu. "Estou totalmente qualificada para participar desta competição. Sou uma mulher como qualquer outra. Eu nasci mulher. Eu vivi como uma mulher. Eu competi como mulher — não há dúvidas sobre isso", afirmou a atleta.
O desenrolar do processo e a investigação do Ministério Público de Paris serão acompanhados de perto, com possíveis desdobramentos que podem impactar a discussão global sobre os direitos de atletas em competições de alto nível.

Fonte: Correio Braziliense

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