Retorno de Mike Tyson aos ringues preocupa médicos devido a riscos neurológicos
Aos 58 anos, Tyson enfrenta o youtuber Jake Paul, e especialistas alertam para lesões cerebrais
Na próxima sexta-feira, o ex-campeão dos pesos-pesados Mike Tyson, de 58 anos, voltará aos ringues em um combate profissional contra Jake Paul, youtuber de 27 anos. A luta ocorrerá no AT&T Stadium, em Dallas, e marca o retorno de Tyson ao boxe após mais de 19 anos desde sua última luta profissional e quatro anos depois de um combate de exibição. No entanto, o retorno de "Iron Mike" causa preocupações entre especialistas médicos que apontam os riscos neurológicos de um atleta veterano enfrentar um oponente mais jovem.
Histórico e experiência nos ringues
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A trajetória de Tyson no boxe profissional é repleta de altos e baixos. Ele estreou nos ringues aos 18 anos, conquistando vitórias rápidas e uma ascensão meteórica ao título mundial. Em 1985, nocauteou Hector Mercedes em um minuto e 47 segundos, marcando o início de uma carreira impressionante. Contudo, desde sua última luta em 2005 contra Kevin McBride, Tyson enfrentou várias críticas e preocupações sobre seu estado físico e mental.
O combate contra Paul, inicialmente previsto para julho deste ano, foi adiado devido a uma crise de úlcera sofrida por Tyson, mas o pugilista decidiu seguir com o duelo. Essa decisão levantou preocupações quanto aos possíveis danos neurológicos que ele pode sofrer ao enfrentar o adversário, considerando sua idade e histórico no esporte.
Riscos neurológicos e idade avançada
Segundo o Dr. Nitin K. Sethi, neurologista e médico de ringue, Tyson apresenta um perfil de “alto risco” devido aos muitos anos de impacto e trauma craniano acumulado em sua carreira. De acordo com o especialista, os atletas com mais de 40 anos que retornam ao boxe têm uma chance elevada de desenvolver lesões cerebrais traumáticas, além do risco de lesões neurológicas crônicas pela repetição de golpes na cabeça.
“O boxe é único entre os esportes porque o objetivo é causar um nocaute no oponente, atingindo principalmente a cabeça. Para lutadores acima dos 40, há preocupações de lesões severas no momento da luta e de problemas neurológicos duradouros,” explicou Sethi.
A Comissão de Licenciamento e Regulamentação do Texas (TDLR), que aprovou a luta, estabeleceu medidas para proteger ambos os lutadores, limitando a luta a oito rounds de dois minutos cada, com uso de luvas de 14 onças. Essas adaptações visam reduzir o impacto dos golpes e o desgaste físico de Tyson durante a luta.
Efeitos prolongados dos golpes e prevenção
Estudos apontam que o perigo no boxe não vem apenas dos nocautes, mas também dos golpes constantes que os lutadores sofrem durante o treinamento e em combate. Essas repetições podem causar microtraumas e, com o tempo, levar ao desenvolvimento de doenças neurológicas graves. No ringue, Sethi observa que a presença de sintomas de concussão entre os lutadores é constante, e parar uma luta a cada sinal desses sintomas comprometeria o próprio esporte.
Sethi ressalta que a mudança para tornar o boxe mais seguro deve vir dos próprios atletas, suas famílias e associações de boxeadores aposentados, que devem pressionar por medidas de segurança. No entanto, ele reconhece o impacto negativo que uma luta nesse estágio da carreira de Tyson pode ter sobre sua saúde.
Expectativa e apreensão
A luta entre Tyson e Paul gera expectativa tanto para os fãs de boxe quanto para a comunidade médica, que segue atenta aos impactos que esse retorno pode ter sobre Tyson. Embora Tyson tenha sido um ícone do esporte, a questão que permanece é até que ponto sua volta será vantajosa e saudável, ou se representará mais um risco neurológico devido ao histórico de traumas acumulados.
Independentemente do desfecho, especialistas como o Dr. Sethi destacam a importância de avaliar criticamente os riscos associados ao retorno de boxeadores veteranos aos ringues, em uma tentativa de promover um boxe mais seguro para as gerações atuais e futuras.
Fonte: CNN Brasil