Governistas pedem que Lula antecipe indicação à presidência do Banco Central
Senador propõe antecipação de medidas econômicas e divide opiniões entre seus colegas e especialistas
Parlamentares governistas estão defendendo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipe o anúncio de sua indicação à presidência do Banco Central (BC), visando reduzir incertezas entre investidores e conter a valorização do dólar. O mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, se encerra no final deste ano.

Um dos principais defensores da antecipação é o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Ele tem se reunido com outros senadores da base governista e ministros para promover a ideia. Calheiros chegou a argumentar em suas redes sociais, na terça-feira (2), que ao anunciar o perfil e as qualificações do próximo presidente do BC, Lula poderia dissipar as incertezas.
- Participe do nosso grupo de WhatsApp
- Participe do nosso grupo de Telegram
- Confira os jogos e classificação dos principais campeonatos
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC e ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, é um dos nomes mais cotados para substituir Campos Neto. O senador Otto Alencar (PSD-BA) também acredita que a antecipação da indicação poderia ter um efeito positivo em reduzir as tensões. Ele mencionou que especulações sobre Campos Neto assumir um cargo em uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas ao Planalto contribuíram para "tumultuar o ambiente".
Nas últimas semanas, a alta do dólar levou a moeda norte-americana ao maior patamar em mais de dois anos, se aproximando dos R$ 5,70 na terça-feira (2). Segundo um modelo da BRCG Consultoria, mais de 80% da desvalorização do real no primeiro semestre deste ano se deve a causas domésticas. A valorização do dólar ocorreu em meio às intensas críticas do presidente Lula à gestão do BC, que ele afirmou não deveria estar "a serviço do mercado".
Economistas consultados pela CNN ponderaram sobre os possíveis efeitos da antecipação da indicação do presidente do BC. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirmou que tal efeito só seria gerado caso fosse indicado um nome com um perfil "mais comprometido com as metas de inflação" do que os nomes atualmente considerados pelo mercado. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, não acredita que o anúncio antecipado geraria esses efeitos. Ele prevê que a antecipação poderia levar à insegurança sobre a autonomia do BC. "A ideia é ter uma gestão técnica e afastada da política. Se na primeira troca de presidentes houver antecipação, se perde credibilidade," afirmou Vale.
Fonte: CNN Brasil