Protestos contra jornada 6x1 marcam Dia da República em 15 capitais brasileiras

Movimento Vida Além do Trabalho pede revisão da CLT para melhorar qualidade de vida

Por Dominic Ferreira,


No feriado da Proclamação da República, manifestações organizadas pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT) tomaram as ruas de 15 capitais brasileiras para pedir o fim da jornada 6x1, que prevê seis dias de trabalho seguidos de um dia de descanso. A pauta, impulsionada por uma proposta de emenda constitucional (PEC) da deputada Erika Hilton (PSol-SP), busca iniciar uma discussão na Câmara dos Deputados sobre uma reforma nas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vigente desde a era Vargas.  

Foto: Reprodução/InstagramVida Além do Trabalho (VAT) ganha popularidade após vídeo viral de Rick Azevedo no TikTok.
Vida Além do Trabalho (VAT) ganha popularidade após vídeo viral de Rick Azevedo no TikTok.

Especialistas divergem sobre os impactos da mudança. Paulo Henrique Blair, professor de direito constitucional da UnB, vê a proposta como um avanço inspirado em práticas já consolidadas na Europa, ressaltando benefícios como redução de doenças ocupacionais e aumento da produtividade. Por outro lado, o economista José Luis Oreiro alerta para possíveis efeitos negativos, como aumento de custos para empregadores, redução de competitividade da indústria brasileira e aceleração da inflação no setor de serviços.  
A advogada trabalhista Claudia Abdul Ahad Securato argumenta que, embora haja custos iniciais, os ganhos compensariam as despesas. “O trabalhador tem mais segurança, mais tempo com a família, e adoece menos no trabalho, o que gera menos custo para empresa”, explica. Contudo, Oreiro aponta que a maioria dos trabalhadores brasileiros, que estão na informalidade, não seria beneficiada, destacando a importância de investimentos em mobilidade urbana e saúde pública para melhorar a qualidade de vida da população de forma mais ampla.  
A jornada 6x1, instituída na década de 1930, foi um marco histórico para os trabalhadores brasileiros, mas enfrenta críticas crescentes em um cenário de mudanças econômicas e sociais. Para especialistas, a revisão da carga horária deve ser acompanhada de uma ampla reforma estrutural, que inclua transporte, educação e saúde, para garantir benefícios efetivos e evitar retrocessos nos direitos trabalhistas e na economia.

Fonte: Correio Braziliense

Comente

Pequisar