Taxa de desemprego cai a 6,2% e atinge menor nível para o período desde 2012

Número de empregados com carteira assinada é recorde; rendimento médio chega a R$ 3.457

Por Carlos Sousa,

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio de 2025, o menor patamar já registrado para o período desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilDesemprego

A taxa é inferior aos 6,8% observados no trimestre anterior e também aos 7,1% registrados no mesmo período de 2024. Além disso, está muito próxima do menor índice já apurado, de 6,1%, alcançado no trimestre encerrado em novembro do ano passado.

O desempenho positivo reflete uma conjuntura de aquecimento econômico, com avanço da ocupação e indicadores recordes relacionados à formalização do trabalho, rendimentos e queda do número de desalentados – pessoas que desistiram de procurar emprego.

Menos desocupados, mais empregados

A taxa de desocupação de 6,2% representa cerca de 6,8 milhões de pessoas em busca de emprego, uma redução de 12,3% (ou 955 mil pessoas) em comparação com o mesmo trimestre de 2024. O Brasil terminou o período com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, número 1,2% maior do que o trimestre anterior.

Entre os dados de destaque está o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado: 39,8 milhões, o maior já registrado na série. Isso representa um crescimento de 3,7% em relação ao ano anterior.

A taxa de informalidade ficou em 37,8%, envolvendo 39,3 milhões de pessoas, o que representa uma leve queda em comparação ao trimestre anterior (38,1%) e ao mesmo período de 2024 (38,6%). Segundo o IBGE, essa redução foi influenciada pela estabilidade no número de trabalhadores sem carteira (13,7 milhões) e pelo crescimento no número de trabalhadores por conta própria formalizados com CNPJ (alta de 3,7%).

Desmotivação em queda e ocupação pública em alta

O número de desalentados caiu para 2,89 milhões, o menor desde 2016. Segundo William Kratochwill, analista do IBGE, esse resultado se deve à percepção de que há mais oportunidades de trabalho disponíveis.

No recorte por setores, o único grupo com crescimento expressivo de ocupados foi o da administração pública, educação, saúde e serviços sociais, com alta de 3,7%. O avanço é atribuído ao início do ano letivo e à consequente demanda por profissionais da rede pública, como professores e auxiliares.

Rendimento e massa salarial em alta

Outro recorde foi registrado no rendimento médio real do trabalhador, que atingiu R$ 3.457, um aumento de 3,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a massa de rendimentos – que soma todos os salários da população ocupada – alcançou R$ 354,6 bilhões, também o maior valor da série histórica, o que contribui diretamente para o consumo e o giro da economia.

Mercado de trabalho resiste a juros altos

Apesar da manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, como estratégia do Banco Central para conter a inflação (atualmente em 5,32% ao ano), o mercado de trabalho tem mostrado resiliência.

“O mercado continua avançando, resistente. Mesmo com juro alto, a ocupação aumenta, e as pessoas buscam alternativas como o trabalho autônomo ou formalização”, avaliou Kratochwill.

A expectativa é de que a trajetória de queda na taxa de desemprego continue ao longo de 2025, dependendo do comportamento da política econômica e do ambiente fiscal do país.

Fonte: IBGE

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