Os 10 deputados milionários do Congresso contra o IOF

Eles têm jatinhos, fazendas, empresas de energia, postos de gasolina e uma fortuna declarada que ultrapassa R$ 700 milhões. Coincidência ou conflito de interesses? A maioria dos parlamentares mais ricos do Congresso Nacional votou — ou teve suplente que votou — para derrubar o IOF e o imposto sobre grandes fortunas. E o Brasil segue refém do velho script: os milionários escrevendo as regras que os beneficiam.
 

A lista dos 10 mais ricos do Congresso revela mais do que patrimônio: expõe o mapa da influência patrimonial sobre decisões fiscais.

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De acordo com a série de postagens feita pelo The Intercept Brasil, os 10 deputados federais mais ricos do país somam mais de R$ 700 milhões em bens declarados à Justiça Eleitoral. E o ponto comum entre eles não é apenas o patrimônio — mas o voto. Todos, direta ou indiretamente, votaram a favor da derrubada do IOF e do imposto sobre grandes fortunas, medidas que beneficiariam justamente os mais ricos do país, como eles mesmos.

Confira o ranking e os bastidores:

1º LUGAR – Eunício Oliveira (MDB-CE)

R$ 158,2 milhões em bens declarados
Mesmo licenciado do cargo, o suplente de Eunício votou a favor da derrubada do IOF. Ex-senador e ex-presidente da Câmara, controla 102 imóveis rurais, incluindo a gigantesca Fazenda Santa Mônica, em Goiás. É ligado a uma holding com empresas de segurança, construção, tecnologia e aluguel de veículos. Segundo o Intercept, já usou influência para tomar uma fazenda de família após não conseguir comprá-la.

2º LUGAR – Jadyel Alencar (Republicanos-PI)

Foto: Reprodução

Jadyel Alencar

R$ 107,5 milhões em bens
Dono de empresas de combustível, alimentos e medicamentos, possui aeronaves e joias em diamante. Votou SIM pela derrubada do IOF. Teve prisão decretada por não pagamento de pensão e venceu ação judicial que censurou reportagens sobre o caso.

3º LUGAR – Hercílio Diniz (MDB-MG)

Foto: Reprodução

Hercílio Diniz (MDB-MG)

R$ 65,9 milhões em bens
Votou a favor da derrubada do IOF. Pertence à família fundadora do grupo Coelho Diniz, maior rede de supermercados do Leste mineiro. Seu patrimônio aumentou 70% desde que se elegeu em 2018. É defensor da PEC do voto impresso e das privatizações dos Correios e da Eletrobras.

4º LUGAR – Duda Ramos (MDB-RR)

Foto: Reprodução

Duda Ramos (MDB-RR)

R$ 50,5 milhões em bens
Votou SIM. Empresário dos setores de saúde, tecnologia e hotelaria, declarou 17 casas, 5 apartamentos e 5 prédios comerciais. Também assinou o pedido de urgência para o PL da anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro.

5º LUGAR – José Nelto (União-GO)

Foto: Reprodução

José Nelto (União-GO)

R$ 48,5 milhões em bens
Votou SIM. Foi dispensado da vice-liderança de Lula na Câmara após apoiar a anistia aos golpistas. Atua nos ramos imobiliário, agrícola e pecuário. Está na política desde os anos 1980, entre mandatos de vereador e deputado estadual.

6º LUGAR – Dilceu Sperafico (PP-PR)

Foto: Reprodução

Dilceu Sperafico (PP-PR)

R$ 46,4 milhões em bens
Votou SIM. Representante do agronegócio na Câmara desde os anos 1990. Dono de empresas de energia, loteadora de imóveis e construtora. Votou pelo impeachment de Dilma e pela blindagem de Temer em 2017.

7º LUGAR – Misael Varella (PSD-MG)

Foto: Reprodução

Misael Varella (PSD-MG)

R$ 43 milhões em bens
Votou SIM. Herdou a tradição política e empresarial do pai, ex-senador e empresário do setor de combustíveis. Possui fazendas e participação em empresas de transporte e veículos pesados.

8º LUGAR – Magda Mofatto (PRD-GO)

Foto: Reprodução

Magda Mofatto (PRD-GO)

R$ 32,1 milhões em bens
Votou SIM. Empresária do ramo hoteleiro e de parques aquáticos, apoiou acampamentos golpistas após a eleição de Lula. Mantém armas em casa e é defensora ferrenha do governo de Israel.

9º LUGAR – Josimar Maranhãozinho (PL-MA)

Foto: Reprodução

Josimar Maranhãozinho (PL-MA)

R$ 25,4 milhões em bens
Votou SIM. Réu por corrupção, acusado de exigir propina em troca de emendas. Seu patrimônio cresceu 75% entre 2018 e 2022. Foi sócio de uma distribuidora investigada por fraude e atualmente é dono de construtora.

10º LUGAR – Afonso Motta (PDT-RS)

Foto: Reprodução

Afonso Motta (PDT-RS)

R$ 23,8 milhões em bens
Votou SIM. Produtor rural com patrimônio majoritariamente em terras. Seu chefe de gabinete foi alvo de operação da PF por desvio de emendas parlamentares. Filho, neto e sobrinho de políticos.

Isenção fiscal seletiva?

A coincidência entre os votos e os interesses econômicos dos parlamentares não passou despercebida. O The Intercept sugere que há um padrão: os mais ricos legislando a favor de si mesmos — com consequências para os mais pobres. A queda do IOF e do imposto sobre grandes fortunas compromete o financiamento de políticas públicas, ao mesmo tempo em que alivia o bolso de quem menos precisa de alívio.

Fonte: Portal AZ