Inclusão escolar é facilitada com diagnóstico precoce do autismo

Diagnóstico antecipado permite suporte adequado e amplia participação escolar

Por Dominic Ferreira,

A identificação precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é essencial para facilitar a alfabetização e a inclusão escolar. Casos como o de Eros Micael, diagnosticado tardiamente, ilustram os desafios enfrentados por crianças autistas sem um acompanhamento adequado. Sua mãe, a neurocientista Emanoele Freitas, relata que a falta de informação sobre o autismo resultou em um diagnóstico inicial equivocado de surdez profunda. " Só com 5 anos, com novos exames, descobriu-se que, na realidade, ele ouvia bem, só que ele tinha outra patologia. Fui encaminhada para a psiquiatra, e ela me deu o diagnóstico de autismo. Naquela época, não se falava do assunto”.

Foto: Reprodução | Tânia Rêgo | Agência BrasilDia Mundial da Conscientização do Autismo
Dia Mundial da Conscientização do Autismo

A inclusão escolar de crianças autistas ainda é um desafio no Brasil. Segundo a psicopedagoga Luciana Brites, do Instituto NeuroSaber, características como déficits na interação social, dificuldades de comunicação e comportamentos repetitivos impactam diretamente o aprendizado. No entanto, intervenções pedagógicas especializadas, como o uso de mediadores e adaptações curriculares, contribuem para a inserção de alunos com TEA em turmas regulares.

“A inclusão é possível, mas a realidade, hoje, do professor, é que muitas vezes ele não dá conta do aluno típico, quem dirá dos atípicos. Trabalhar a detecção precoce é muito importante para se conseguir fazer a inserção de uma forma mais efetiva. É muito importante o sistema de saúde, junto com o sistema de educação, olhar para essa primeira infância para fazer essa detecção do atraso na cognição social. Por isso, é muito importante o trabalho da escola com o posto de saúde”, destaca a especialista.

Foto: Reprodução | Isabele Ferreira | Arquivo PessoalPérola, de 7 anos, e Ângelo, de 3 anos, são o foco da dedicação da dona de casa Isabele Ferreira.
Pérola, de 7 anos, e Ângelo, de 3 anos, são o foco da dedicação da dona de casa Isabele Ferreira.

Histórias como a de Isabele Ferreira, mãe de duas crianças autistas, evidenciam a importância do suporte adequado. Sua filha, com autismo leve, recebeu atendimento especializado desde cedo, enquanto seu filho, com autismo moderado, teve acompanhamento em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Apesar das dificuldades, ambos conseguiram ser inseridos na rede municipal de ensino com apoio de professores capacitados e mediadores.

A Política Nacional de Educação Especial, estabelecida pelo Ministério da Educação, visa garantir um ambiente inclusivo, contando com salas de recursos multifuncionais e Atendimento Educacional Especializado (AEE). Em 2022, o Censo Escolar indicou que quase 90% das matrículas de alunos com necessidades especiais estavam em classes comuns, refletindo avanços na educação inclusiva. No entanto, especialistas alertam que a capacitação de professores e o trabalho conjunto entre escolas e profissionais de saúde são fundamentais para garantir a efetiva participação dos alunos autistas no ambiente escolar.

Fonte: Agência Brasil

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