Roots Rock Pub: onde o rock encontra a geração Z em Teresina
A atmosfera é íntima e vibrante, como se todo mundo ali já se conhecesse de antes
Na última quarta-feira à noite, o céu estava morno e preguiçoso sobre Teresina, o trânsito até que calmo para o meio de semana. A cidade, de longe, parecia mais desacelerada que o habitual, mesmo sendo dia de futebol, mas não era nenhum jogo importante, era o Ceará x Palmeiras.
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Mas bastava sair da AV. Universitária e entrar na AV. Nossa Senhora de Fátima que tudo mudou, a noite estava badalada e cheia de placas piscantes em neons sob jovens. E, ali entre fachadas discretas, conversas altas demais para conseguir discernir o que se falava e o tilintar de copos, que o Roots Rock Pub revelava seu segredo: um velho conhecido do passado, reencarnado no presente — o karaokê.

Cheguei ainda no começo da noite, quando o bar vai se enchendo devagarinho, como quem não quer fazer alarde. Mas os bons conhecedores sabem: é cedo que se garante comida dobrada e drinks em dobro. Do balcão, já dava para ver os primeiros grupos se ajeitando, afinando vozes, rindo alto, e os garçons — ágeis, sorridentes, sem perder o bom humor nem na correria, aliás o atendimento sempre atencioso é um destaque a parte.

A atmosfera é íntima e vibrante, como se todo mundo ali já se conhecesse de antes, aliás sem conhecer ninguém, ali se acha alguém para conversar e fazer um duo no palco.
O Roots tem cara de pub inglês, mas alma 100% piauiense. As paredes carregam referências ao rock clássico, as luzes são baixas, o som é alto, e o palco do karaokê — ponto central da experiência — é uma espécie de confessionário moderno: é lá que os tímidos se tornam estrelas e os afinados viram lendas da noite. Há algo de nostálgico nisso tudo, uma herança dos anos 90, época de ouro dos karaokês, agora reciclada por uma juventude conectada, criativa, sem medo do ridículo.

A geração Z tomou conta do lugar. Não com a arrogância dos invasores, mas com o frescor de quem redescobre o velho com olhos novos. É bonito de ver — e ouvir, as vezes. Um menino com camisa da Beyonce canta Bon Jovi como se estivesse num show, enquanto ao lado, uma garota entoa Pitty com direito a plateia e pedido de bis. Nada ali parece ensaiado, mas tudo funciona pois o uso do Karaokê tem regras.
E no meio disso tudo, eu. Um observador com uma caipirinha na mão e um pé batendo discretamente ao ritmo de alguma versão inesperada de Queen.
No Roots, o palco é livre, o público é cúmplice e a noite é generosa. O bar não é só sobre rock ou karaokê. É sobre pertencimento. Sobre estar num lugar onde você pode cantar mal, rir de si mesmo, e ainda ser aplaudido por isso.
Quando percebi, a casa estava lotada. Mesas cheias, vozes empolgadas, garçons dançando entre os pedidos e um clima coletivo de leveza que anda raro. O Roots Rock Pub não é só mais um bar de Teresina na zona leste. É um refúgio de quarta-feira para quem quer esquecer a rotina, desafinar com estilo e brindar ao simples prazer de estar junto.
No fim da noite, saí com a voz rouca, o coração leve e uma certeza: o Roots é daqueles lugares que a gente guarda com carinho na memória — e que volto sempre que não estou em Brasília, para quem quiser cantar um refrão da juventude. Mesmo que desafinado.
E o preço, este também foi convidativo.
Fonte: Portal AZ