DCE rebate críticas à calourada e destaca: “real problema é o feminicídio”

Os estudantes organizaram uma vigília pedindo justiça no caso de Janaína e mais segurança no campus

Por Redação do Portal AZ,

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Piauí (Ufpi) criticou a criminalização da calourada e explicou que todos os eventos que ocorrem na instituição são de conhecimento da reitoria. Rebateu, ainda, que os ataques ao evento, estão servindo de "cortina de fumaça" para o real problema: o feminicídio no campus.

 “O DCE UFPI não tem um posicionamento alinhado sobre o que está sendo dito pela reitoria. Sabemos que a marginalização que está ocorrendo em relação à festa é apenas uma cortina de fumaça para o real problema, que é o crime de feminicídio que aconteceu dentro de uma instituição de ensino. A Reitoria está ciente de todos os eventos que ocorrem no Campus. Inclusive os seguranças passam por lá, mas nós estudantes sabemos que eles estão lá para cuidar do patrimônio público e não dos estudantes em si”, afirmou a integrante do DCE,  Karla Luz.

Foto: Ufpisede
Sede da Universidade Federal do Piauí

A explicação vem depois da afirmação da instituição de que o evento não tinha sido autorizado e do diretor de administração acadêmica da UFPI, Leomá Matos, dizer que será investigada falha na segurança.

"Os vigilantes ficam fazendo rondas. Como não tínhamos conhecimento formal sobre a necessidade desse evento, nossos seguranças se encontravam fazendo a ronda patrimonial das instalações da universidade", disse Leomar.

A estudante relatou ainda que o espaço em frente ao diretório é comumente usado pelos discentes para eventos. “Esse espaço onde ocorreu o evento, já é um local que o DCE gerência para que os Centro Acadêmicos e coletivos realizem suas atividades, principalmente de arrecadação de fundos.”, afirmou.

A integrante do DCE destacou que o problema real é o feminicídio dentro da instituição, ocorrido na sexta-feira, mesmo depois dos estudantes já virem pedindo por mais segurança na instituição.

“Existe um problema real, o feminicídio, num ambiente onde ele deveria ser debatido e combatido. Sabemos do sucateamento que ocorreu nos últimos anos na instituição, houve a diminuição de guardas, chegamos a fazer sugestões a instituição para melhorar a segurança, mas nos foi dito que não havia recursos para isso”, disse.

Sobre a morte da estudante Janaína da Silva Bezerra, Karla disse que o ocorrido revela a insegurança a qual as mulheres são constantemente submetidas na sociedade.

“É um processo muito doloroso e de luto coletivo, estamos tentando de diversas formas enfrentar isso juntos, mas precisamos também ressaltar que isso revela o não se sentir seguro e ser uma mulher na universidade”, lamentou.

Por fim, Karla afirmou que para o futuro é preciso criar mais espaços para debater o feminicídio. “Nada vai preencher essa lacuna, mas vamos criar espaços de debate para que isso jamais se repita”, ressaltou.

Os estudantes organizaram uma vigília nesta segunda-feira (30), a partir das 16h, pedindo justiça no caso de Janaína e por mais segurança no campus.

Entenda o Caso

Janaina foi encontrada morta na manhã desse sábado (28) na Universidade Federal do Piauí depois de uma calourada. Thiago Mayson da Silva Barbosa, o principal suspeito, teve prisão preventiva decretada pelos crimes de Feminicídio e Estupro contra a estudante de Jornalismo. 

A causa da morte aponta para trauma raquimedular por ação contundente, ou seja, houve uma contusão na coluna vertebral a nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte.

Segundo a legista, a ação contundente pode ter sido causada por pancada, torcendo a coluna vertebral ou traumatizando, ação das mãos no pescoço com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta, dentre outras possibilidades que estão sendo analisadas junto às investigações do caso.

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Fonte: Portal AZ

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