Atrizes sofrem preconceito linguístico pela forma que falam inglês

O sotaque não afeta a pronúncia correta, mas virou alvo de críticas direcionadas para grandes figuras do cinema

Por Redação do Portal AZ,

Margot Robbie é uma das estrelas mais populares de Hollywood. Em 2023, foi a protagonista de “Barbie” e ganhou a atenção de todo o mundo durante o período de exibição do filme nos cinemas. Sofía Vergara, que fez o marcante papel de Gloria Pritchett, em “Modern Family”, ganha cada vez mais destaque na televisão, no cinema e em streamings. Porém, uma coincidência que une as duas – além do talento e da profissão – é o preconceito linguístico relacionado ao sotaque. 

Foto: Reprodução/Divulgação/DFree/iStockPreconceito linguístico

 
A intérprete da famosa boneca da Mattel nasceu em Dalby, Austrália, que tem o inglês como idioma oficial. Apesar disso, o uso de expressões regionais e particularidades na pronúncia é comum para os australianos. Durante a divulgação de “Barbie”, Robbie chegou a ser criticada nas redes sociais por dar entrevistas com sotaque australiano.

Já Sofía, que em 2024 brilhou com a personagem “Griselda”, da nova minissérie da Netflix, é natural de Barranquilla, na Colômbia, e tem o espanhol como língua nativa. Ela afirma não conseguir interpretar determinados papéis por conta do seu sotaque: “Não posso viver uma cientista ou trabalhar em ‘A Lista de Schindler’. Minhas opções de atuação são meio que limitadas”, afirmou em entrevista à imprensa. 
 
Além de Margot e Sofía, outras atrizes como a cubana Ana de Armas e até mesmo grandes estrelas norte-americanas, como Angelina Jolie, Jodie Foster e Anne Hathaway, que já interpretaram personagens de diferentes nacionalidades e usaram do sotaque como um recurso criativo, relataram críticas acerca da pronúncia. Afinal, é possível “perder o sotaque” e reproduzir o idioma como um nativo faria? 

Ter sotaque não afeta a pronúncia do idioma
Muitos consideram que a pronúncia perfeita é aquela que consegue reproduzir exatamente como a língua é falada em seu país de origem. Mas, de acordo com a teoria do pesquisador e professor Larry Selinker, ao aprender e praticar um idioma diferente do originário – em um curso de inglês corporativo, por exemplo –, desenvolvemos uma interlíngua, ou seja, uma fala intermediária entre o idioma estrangeiro e o materno. 

Isso porque, ao estudar uma nova língua, o cérebro é exposto a uma estrutura linguística latente, que vai se desenvolvendo conforme o aprendizado. No entanto, essa estrutura combina todas as línguas que o sujeito sabe falar, criando um modo único e pessoal de conversar em outro idioma. Mesmo assim, essa característica não é um indicativo de que a pessoa está falando da forma errada. 
Muito além da fala
Ainda segundo a teoria de Larry Selinker, todo falante de uma interlíngua passará por processos que envolvem as transferências linguísticas, a super generalização e a fossilização. 

Em resumo, trata-se de regras que são utilizadas na língua materna, mas que não existem em outros idiomas, o emprego de verbos sem necessidade e a repetição de erros que misturam a língua materna com o idioma que está sendo estudado. 

Apesar disso, são falhas que tendem a diminuir ao longo do tempo, principalmente, com a evolução no aprendizado e a dedicação nos estudos. Uma pessoa que faz um curso de espanhol para negócios, por exemplo, tende a desenvolver novas habilidades com a língua a cada avanço no conteúdo.
Diferentes tipos de sotaque 
É comum ver em séries e filmes diferentes tipos de sotaque em um mesmo idioma. O britânico, por exemplo, possui três subdivisões: cockney, estuário e received pronunciation (RP). O mais popular entre os atores e atrizes britânicos é o RP e soa mais familiar para quem consome a língua inglesa como segundo idioma. 

Já os norte-americanos possuem um sotaque chamado general American English que apresenta diversas variações regionais. 

Já o sotaque australiano combina elementos das falas de britânicos e norte-americanos. O que pode ajudar na compreensão é praticar a escuta e a pronúncia e consumir programas de TV e filmes que se passam nesses países. 
Apesar das críticas, atrizes são sucesso no mundo todo
Mesmo com diversos comentários por conta do sotaque, Margot Robbie foi a atriz mais bem paga do mundo em 2023. Segundo a Forbes, a australiana arrecadou cerca de US$ 78 milhões com “Barbie”. Além de protagonizar um dos maiores fenômenos da história do cinema, ela também foi a produtora do filme, embolsando cerca de 12,5% de todos os lucros de participação. 

Foto: Reprodução/Divulgação/DFree/iStockPreconceito linguístico
Preconceito linguístico

Um cenário positivo ocorreu de forma parecida na carreira de Sofía Vergara. Ela é a estrela de uma das séries mais assistidas da Netflix em 2024 desde a sua estreia, em janeiro, além de ter ocupado a lista de atrizes mais bem remuneradas nos anos de 2020 e 2021.
 

Fonte: Ruby Academy

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