Arquiteto sugere grande conhecimento para mudar o centro de Teresina
Nilson Coelho mostra que o problema não é só de falta de segurança no centro
No segundo artigo enviado para publicação exclusiva no Portal AZ, o arquiteto e urbanista Nikson Coelho volta a se imiscuir na questão da revitalização do centro de Teresina, enfocando temas que não dizem respeito apenas à questão da segurança que área central necsssita. “O centro precisa ser visto como um lugar de lugares”.

Leia o artigo “o problema do centro de Teresina não é só de segurança”:
- Participe do nosso grupo de WhatsApp
- Participe do nosso grupo de Telegram
- Confira os jogos e classificação dos principais campeonatos

O problema do centro de Teresina não é só de segurança
Por Nilson Coelho
Arquiteto e urbanista
Era interessante que antes desse enfrentamento se construísse uma Ontologia e uma Epistemologia do CENTRO, com seus diversos agentes para não se tratar o assunto de forma fragmentada, sem definir suas peculiaridades espaciais, psicogeográficas e o entendimento que cada agente faz desse conceito chamado CENTRO. Não há uma leitura, no sentido da construção epistemológica, única e correta do que seja o CENTRO. Lugar onde se vive, lugar onde se vende, lugar onde se trabalha, lugar onde se passeia etc. São muitos os Centros e, para não incorrer na apropriação açodada do “melhor conceito é o meu”, o Centro deve ser visto como um “lugar de lugares”. É preciso ser flâneur para entender seus meandros e construir uma compreensão com múltiplos olhares e com múltiplos desejos. Mas estamos falando de uma cidade democrática, onde o protagonismo social tenho lugar e seja compreendido. Fragmentar ou apropriar-se de um conceito de Centro sem uma visão cosmológica da sua construção simbólica, econômica, espacial corre-se o risco de não resolver os problemas que o desfiguraram.
O comportamento individual dos agentes precisa ser pautado pela base de dados do local através de uma geopoética do espaço. O conceito de “cidade responsiva”, nem tão novo mas muito desconhecido, se aplicaria bem nesta análise. Embora muito abstrato o conceito de cidade responsiva pode ser entendido como enxergar o espaço sob a ótica do cidadão, do indivíduo e não do transporte motorizado, das vias de circulação etc. É um multiverso. E ser um pouco ou muito “flâneur” (Baudelaire) significa percorrer os lugares caminhando e explorando de forma visual e perceptiva cada conjunção de microlugares, observando seu papel sobre os agentes envolvidos no e pelo local. É necessário caminhar e perceber que o Centro não é somente um conjunto de vias, semáforos, regramento de uso do solo, código de construção, ele é sobretudo o espaço da cidadania, das diferenças e da convivência dessas multiplicidades.
Há pelo menos quinze anos (ou mais!) muitas pessoas têm evitado ir ao centro e não por conta da insegurança. Mas pela hostilidade do local que se manifestava pelos complicadores do trânsito, da falta de estacionamento, dos passeios/calçadas impróprios e outros. Isso só se acentuou.
Por isso é necessário uma leitura-compreensão do local com os instrumentos de tecnologias digitais que permitem agregar toda essa ordem-desordem. Plataforma GIS, Inteligência Artificial, protagonismo social,
regramento e captura das subjetividades adjacentes. Aí as possibilidades de acerto, de encontrar uma solução mediada pelo exercício da democracia urbana fluiriam para o êxito de uma proposta de um lugar para todos.
Fonte: Portal AZ