Ausência do nome do pai na certidão afeta mais de 1,2 milhão de brasileiros

No Ceará, 20.442 crianças estão sem o nome do pai registrado, com 4.633 casos ocorrendo apenas em 2024

Por Dominic Ferreira,

Com o Dia dos Pais se aproximando neste domingo, 11 de agosto, uma questão importante e muitas vezes negligenciada ganha destaque: a ausência do nome do pai nas certidões de nascimento. Desde 2016, o Brasil contabiliza um total de 1.292.027 casos em que o nome do pai não consta nas certidões de nascimento. No Ceará, a situação é particularmente preocupante, com 20.442 crianças sem o nome do pai registrado desde 2016. Deste total, 4.633 casos ocorreram apenas nos primeiros meses de 2024.

Foto: ReproduçãoFalta do nome do pai na certidão de nascimento afeta mais de 1,2 milhão de brasileiros desde 2016.
Falta do nome do pai na certidão de nascimento afeta mais de 1,2 milhão de brasileiros desde 2016.

Em Fortaleza, os cartórios de Registro Civil registraram 1.614 certidões sem o nome do pai neste ano. Outras cidades do estado também apresentam números significativos: Maracanaú com 204 casos, Caucaia com 180, Juazeiro do Norte com 146, Sobral com 121 e Eusébio com 81. No Brasil, o ano de 2024 já registrou 100.246 crianças com pais ausentes.
Priscila Aragão, titular do Registro Civil no município de Granja e diretora de Comunicação da Associação dos Notários e Registradores do Ceará (Anoreg-CE), enfatiza a importância do reconhecimento da paternidade. "O reconhecimento do pai na certidão de nascimento é crucial para estabelecer um vínculo significativo entre pai e filho, além de garantir que a criança não enfrente constrangimentos durante seu crescimento", explica Priscila. Ela destaca que, por meio da Anoreg-CE, os cartórios cearenses têm liderado várias campanhas e ações para promover o reconhecimento da paternidade.
Dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) mostram que, desde 2016, foram realizados 228.931 reconhecimentos de paternidade em todo o Brasil. No Ceará, foram 3.877 reconhecimentos durante esse período. No entanto, neste ano, alguns municípios, como Eusébio, Juazeiro do Norte e Sobral, não registraram nenhum reconhecimento de paternidade. Em Fortaleza, foram 47 reconhecimentos em 2024, comparado a 85 no ano passado; Maracanaú teve 52 e 55, respectivamente; e Caucaia, 37 e 69.
Priscila Aragão atribui parte do progresso no reconhecimento de paternidade ao Provimento nº 16/2012 da Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ), que simplificou o processo para o reconhecimento tardio espontâneo de paternidade. “Com este provimento, qualquer cartório de registro civil pode realizar o reconhecimento de paternidade, tornando o processo menos burocrático e mais acessível.”
Como funciona o reconhecimento de paternidade
O reconhecimento da paternidade pode ser solicitado pela mãe da criança, pelo próprio filho maior de 18 anos ou pelo pai que deseja confirmar sua paternidade. A solicitação deve ser feita em qualquer cartório de registro civil, onde a mãe ou o filho maior de idade deve apresentar a certidão de nascimento e preencher um formulário padronizado.
Caso o pai não concorde com o reconhecimento, o cartório encaminha a solicitação para o juiz local para investigação. Se o suposto pai se recusar a realizar o exame de DNA, a jurisprudência determina a presunção de paternidade, e o nome do pai será registrado na certidão da criança. O pai então será responsabilizado judicialmente para cumprir suas obrigações.

Fonte: Arpen-Brasil

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