BC destaca importância de pacote fiscal para política de juros
Presidente do Banco Central comenta impacto do pacote fiscal na política monetária.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ressaltou a relevância de um pacote fiscal para a política de juros, durante uma reunião com investidores em Londres. Ele mencionou que o anúncio de medidas fiscais pelo governo pode influenciar positivamente a política monetária, desde que seja capaz de provocar alterações significativas em variáveis observadas pelo BC ao determinar as taxas básicas de juros.
Campos Neto explicou que embora não haja uma relação direta entre o anúncio fiscal e a política monetária, o pacote tem o potencial de impactar prêmios de risco, taxas de juros de longo prazo e o câmbio. Para ele, é fundamental que as medidas fiscais modifiquem as expectativas de forma a reverter o prêmio de risco, as projeções de inflação e a curva de juros de longo prazo, o que contribuiria positivamente para a atuação do BC.
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O presidente do BC ressaltou a importância de apresentar ao mercado ações interpretadas como um choque fiscal positivo, caso o Brasil tenha interesse em reduzir estruturalmente as taxas de juros. Ele também mencionou que o governo planeja divulgar, a partir de novembro, um conjunto de propostas para conter gastos públicos, visando a sustentabilidade fiscal e a melhoria da dívida pública.
Desafios e Perspectivas
Campos Neto abordou ainda a decisão do Comitê de Política Monetária em maio, que resultou em uma divisão entre os diretores, mencionando que isso gerou uma "cicatriz de credibilidade" que o Banco Central vem trabalhando para resolver. Ele destacou que a piora nos prêmios de risco está mais relacionada à situação fiscal, especialmente diante das dúvidas sobre as metas fiscais a partir de 2025 e a transparência das estatísticas do governo.
O presidente do BC expressou a expectativa de que o plano anunciado pelo governo seja percebido como capaz de provocar mudanças estruturais necessárias para reverter a atual percepção de risco. Ele também comentou sobre a semelhança da situação fiscal do Brasil com a de outros países emergentes, ressaltando que a dívida pública brasileira já partiu de um patamar mais elevado.
Campos Neto ainda mencionou que o Banco Central monitora as concessões de crédito subsidiado, que podem impactar a eficácia da política monetária, mas até o momento, a alta observada não seria suficiente para alterar a taxa neutra de juros no país.
Diante das incertezas do cenário econômico, o presidente do BC reforçou a importância de medidas fiscais eficazes para influenciar positivamente a política de juros e as expectativas do mercado, ressaltando a necessidade de ações que possam promover mudanças estruturais e melhorar a credibilidade fiscal do país.
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