Violência contra LGBTQIAPN+ aumenta no Brasil, e denúncias chegam a 5,7 mil

Disque 100 aponta aumento de registros de agressão; casos de violência física lideram dados

Por Dominic Ferreira,


O número de denúncias de violência contra a população LGBTQIA+ no Brasil tem aumentado nos últimos anos, especialmente com a adesão crescente ao Disque 100, serviço do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC). Até setembro de 2023, foram documentados 5.741 registros de violência, já se aproximando das 6.070 denúncias do ano anterior. A principal demanda registrada vem de homens gays, enquanto transexuais e travestis, que sofrem maior vulnerabilidade, figuram como as principais vítimas de violência física e psicológica.

Foto: Reprodução/Marcelo Camargo/Agência BrasilDisque 100 aponta aumento de registros de agressão; casos de violência física lideram dados.
Disque 100 aponta aumento de registros de agressão; casos de violência física lideram dados.

Especialistas apontam que a ampliação das denúncias pode refletir uma postura mais afirmativa da população LGBTQIA+ e um reconhecimento crescente de suas violações de direitos. Ricardo Russo, professor do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, observa que a maior conscientização sobre direitos impulsiona a denúncia, mas que o embate entre grupos com identidades mais expressivas e setores tradicionais contribui para uma intensificação de atos violentos e discursos de ódio. Essa interação complexa tem alimentado uma escalada de violência e exclusão contra essa população, gerando insegurança constante entre as vítimas.
A realidade, segundo o Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), se reflete nos dados: em 2022, mais de 11 mil casos de agressões por orientação sexual ou identidade de gênero foram registrados, com uma prevalência de violência física, psicológica e sexual. Os homens foram identificados como os principais agressores, e as motivações variam entre intolerância, preconceito e, em muitos casos, até questões religiosas. Já as agressões psicológicas e físicas no ambiente familiar são uma constante, devido à percepção de falta de autonomia das pessoas LGBTQIA+ frente aos seus direitos e à expressão de sua identidade.
Além das medidas jurídicas que equiparam a LGBTQIA+fobia ao racismo desde 2019, profissionais e ativistas pedem mais ações de conscientização e combate à discriminação. Carla Appollinário de Castro, professora do Departamento de Direito Privado da UFF, acredita que é crucial educar e debater o tema de forma ampla na sociedade, promovendo a aceitação e compreensão da diversidade. 

Fonte: Alepi

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