Banco Central mantém postura diante da alta do dólar, afirma economista

Economista Felipe Salto analisa reação do mercado ao dólar e pacote fiscal, sem intervençõ

O economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, avaliou a postura do Banco Central diante da recente valorização do dólar e as repercussões do pacote fiscal divulgado pelo Ministério da Fazenda, que levou a moeda norte-americana a ultrapassar os R$ 6.

Pacote Fiscal e Mercado Cambial

Em entrevista ao CNN Money, Salto enfatizou que o BC não deve realizar intervenções no mercado para reduzir o valor do dólar. Ele destacou que a questão central está relacionada ao cenário fiscal do país, sendo responsabilidade dos ministérios da Fazenda e do Planejamento apresentarem medidas mais contundentes.

O economista observou que o pacote fiscal surpreendeu em alguns aspectos, como as mudanças no Imposto de Renda, gerando apreensão nos investidores. Embora reconheça que algumas medidas, como as alterações no abono salarial e no Fundeb, sigam na direção correta, Salto considera que a magnitude das ações propostas não foi suficiente para tranquilizar o mercado.

Análise das Medidas e Perspectivas

Salto projetou que as medidas divulgadas podem resultar em um impacto fiscal superior a R$ 20 bilhões até 2025, porém, não atingirão a meta de R$ 30 bilhões prometida pelo governo. Ele ressaltou a necessidade de um corte de mais de R$ 40 bilhões para cumprir o resultado primário do próximo ano.

Quanto à condução gradualista do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Salto reconheceu os desafios políticos enfrentados pelo governo, destacando a aprovação de nove medidas tributárias no ano anterior, que impulsionaram a arrecadação em quase 10% acima da inflação nos primeiros dez meses de 2023.

Desafios e Perspectivas Futuras

O economista também analisou aspectos específicos do pacote fiscal, como as mudanças no Fundeb, abono salarial e salário mínimo, considerando-as relevantes, embora com efeitos graduais. Salto ressaltou a importância de o mercado reconhecer os impactos fiscais das medidas já anunciadas, mesmo que seja necessário complementá-las posteriormente.

Por fim, Salto discutiu as propostas de alteração na faixa de isenção do Imposto de Renda e na previdência dos militares. Ele estimou que ampliar a faixa de isenção para R$ 5 mil acarretaria em um custo aproximado de R$ 45,8 bilhões, enquanto a tributação adicional para rendas acima de R$ 50 mil mensais poderia gerar uma receita de R$ 28,5 bilhões.

Em relação à previdência dos militares, o economista indicou que as mudanças propostas teriam um efeito moderado, entre um e dois bilhões por ano, sugerindo a necessidade de medidas mais abrangentes para equilibrar o déficit previdenciário desse segmento específico.

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