Flávio Dino suspende repasses a ONGs por falta de transparência em emendas
Ministro do STF endurece exigências e determina auditoria após relatório apontar irregularidades em 50% das entidades analisadas
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na sexta-feira (3) a suspensão imediata de repasses de emendas parlamentares para organizações não governamentais (ONGs) que descumprem critérios de transparência. A decisão impacta entidades identificadas em um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), que apontou falhas em metade das ONGs analisadas.
Das 26 organizações auditadas pela CGU, 13 não forneceram informações adequadas sobre os valores recebidos ou sua aplicação. O levantamento, realizado por amostragem, selecionou ONGs com base no volume de recursos recebidos entre 2020 e 2024. Apenas quatro cumpriram integralmente as exigências de transparência, enquanto nove apresentaram dados incompletos.
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Dino ordenou que as entidades com irregularidades sejam inscritas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim) e no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas. Além disso, determinou que as ONGs parcialmente transparentes publiquem os dados pendentes em até dez dias, sob pena de suspensão de novos repasses.
O ministro também instruiu a CGU a conduzir auditorias detalhadas nas 13 entidades que descumpriram as normas e deu um prazo de 60 dias para a entrega do novo relatório. Paralelamente, a Advocacia-Geral da União (AGU) deverá notificar os ministérios para cessar os repasses e intimar as ONGs envolvidas.
Novela das emendas
A decisão de Dino é mais um capítulo na crise envolvendo a transparência no uso de emendas parlamentares. Desde agosto de 2024, o STF tem exigido maior rastreabilidade dos recursos, o que gerou atritos entre o Judiciário e o Congresso Nacional. Na época, Dino suspendeu os pagamentos de todas as emendas impositivas até que o Legislativo aprovasse uma lei que facilitasse o monitoramento dos valores.
O Congresso respondeu com um projeto de lei considerado insuficiente para atender às demandas do Supremo, o que resultou na liberação parcial dos recursos. Ainda assim, o tema segue sendo motivo de tensões entre o Legislativo e o Judiciário, especialmente no que diz respeito às emendas de comissão, que tiveram parte dos repasses bloqueados por Dino ao final de 2024.
O magistrado, que assumiu a relatoria dos casos após a aposentadoria da ministra Rosa Weber, tem intensificado as decisões sobre o tema, consolidando um ritmo de trabalho que ganhou destaque durante o recesso do Judiciário. Nos últimos dias, já proferiu sete sentenças relacionadas às emendas parlamentares.
Fonte: Com informações do Correio Braziliense