Denúncias de crimes cibernéticos caem 33% no Brasil em 2024

Especialistas alertam que redução nas notificações não reflete necessariamente diminuição das atividades criminosas online

Por Redação do Portal AZ, 11/02/2025 14:38 - Atualizado às 16:15

Em 2024, o Brasil registrou uma queda de 33% nas denúncias de crimes cibernéticos, segundo a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet. Foram contabilizadas 100.077 novas ocorrências, 50.770 a menos que em 2023. Dessas, 52.999 estavam relacionadas a imagens de abuso e exploração sexual infantil, representando uma redução de 26% em comparação ao ano anterior, que havia atingido o recorde histórico desde 2006.

Foto: Divulgação Polícia Federal

Thiago Tavares, presidente da SaferNet, ressalta que essa diminuição nas denúncias não indica necessariamente uma redução nos crimes cibernéticos. Ele observa que, embora haja uma queda em relação ao pico de 2023, os números de 2024 ainda representam o quarto maior total em 19 anos, indicando que a atividade criminosa online permanece significativa.

Uma possível explicação para a redução nas denúncias é a migração de conteúdos ilícitos para espaços mais fechados na internet, como grupos em aplicativos de mensagens. Nesses ambientes, o acesso é restrito a membros, o que dificulta a identificação e a denúncia por parte de usuários externos. Além disso, redes sociais estão sendo utilizadas como iscas para direcionar usuários a esses espaços fechados, onde o conteúdo ilegal é compartilhado ou comercializado.

Em relação aos crimes de ódio, houve uma queda de 49% nas denúncias relacionadas a racismo, intolerância religiosa, xenofobia, neonazismo, LGBTfobia, misoginia e crimes contra a vida, totalizando 14.108 relatos em 2024. Este foi o primeiro ano eleitoral desde 2018 em que a SaferNet registrou uma diminuição nas denúncias de crimes de ódio em comparação ao ano anterior. Historicamente, as eleições municipais apresentam uma incidência menor dessas denúncias em relação às eleições gerais, possivelmente devido à circulação mais localizada desses conteúdos, especialmente em grupos de WhatsApp.

Fonte: Agência Brasil