Ministro Lupi não aguenta pressão por denúncias no INSS e pede demissão
Pressionado por denúncias de irregularidades, chefe da Previdência Social deixou o cargo
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, entregou nesta sexta-feira (2/5) seu pedido de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A saída ocorre em meio a uma série de denúncias envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que pressionaram o governo e desgastaram a permanência de Lupi no cargo.
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A decisão foi comunicada em reunião no Palácio do Planalto, após o ministro admitir a Lula que não havia mais condições políticas de permanecer à frente da pasta. Lupi vinha sendo criticado tanto por parlamentares da base quanto da oposição, após investigações apontarem falhas graves no sistema de concessão de benefícios do INSS.
“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”, escreveu Lupi em publicação nas redes sociais. Ele ocupava o cargo desde o início do governo, há dois anos e quatro meses.
Entre os pontos mais criticados estão as suspeitas de conivência com servidores envolvidos nos esquemas e a falta de medidas eficazes para conter as fraudes. Apesar de negar envolvimento direto, o ministro vinha sendo cobrado por não ter agido com firmeza diante das denúncias que envolvem bilhões em prejuízos aos cofres públicos.
Carlos Lupi é presidente licenciado do PDT e ocupava o cargo de ministro desde o início do terceiro mandato de Lula. Agora, o Planalto estuda nomes para substituí-lo e conter a crise política desencadeada no setor da Previdência.
Crise e pressão política
Nos bastidores, auxiliares próximos de Lula afirmam que a permanência de Lupi tornou-se insustentável diante do desgaste político e das evidências de omissão diante de alertas internos sobre o esquema. Ainda que a saída possa tensionar a frágil base governista no Congresso — onde o PDT integra a aliança —, prevaleceu a avaliação de que era necessário sinalizar uma resposta enérgica.
Em pronunciamento no Dia do Trabalhador, Lula afirmou que a Advocacia-Geral da União já foi acionada para cobrar judicialmente as entidades que promoveram as cobranças indevidas. “Determinei à AGU que processe as associações responsáveis pelas cobranças ilegais, exigindo o ressarcimento das vítimas”, declarou o presidente.
Tentativas de blindagem
Carlos Lupi passou os últimos dias tentando manter Stefanutto no cargo, defendendo a responsabilização criminal dos envolvidos e negando omissão. No entanto, documentos divulgados pelo Jornal Nacional mostram que o então ministro foi alertado, ainda em 2023, sobre o crescimento de descontos indevidos em aposentadorias. Apesar disso, só adotou medidas concretas quase um ano depois. O Conselho Nacional da Previdência, presidido por Lupi, tem como uma de suas funções justamente o monitoramento da gestão previdenciária.
Internamente, a gestão do pedetista já vinha sendo alvo de críticas por não ter conseguido resolver o gargalo das perícias médicas e a longa fila de espera por benefícios, promessa feita ainda no início do mandato.
O esquema
A operação da Polícia Federal, que motivou o colapso político da pasta, revelou que associações conveniadas com o INSS vinham cadastrando aposentados de forma fraudulenta, utilizando assinaturas falsas e contratos fictícios para realizar descontos mensais nos benefícios. O golpe, segundo a investigação da PF e da CGU, começou em 2019, durante o governo Bolsonaro, e continuou ao longo da atual gestão, com prejuízos que podem ultrapassar R$ 6,3 bilhões.
Durante as diligências, a PF apreendeu dinheiro vivo, joias, relógios de luxo, quadros e até uma Ferrari. Um dos principais nomes citados no esquema é o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, apelidado pelos investigadores de “Careca do INSS”. Segundo a polícia, ele é sócio de 22 empresas, todas registradas em um mesmo endereço comercial em Taguatinga (DF).
Com a queda de Lupi, o governo tenta agora virar a página da crise, mas o caso ainda deve render novos desdobramentos judiciais e políticos. A oposição promete acionar o TCU e o Ministério Público Federal, enquanto aliados do Planalto já articulam uma reforma ministerial para estancar a sangria.
Fonte: Com informações do Metrópoles