Fernandinho: O que a CPI dos Bets e o COAF encontraram
O ex agente de Whindersson, Fernandin é suspeito de lavagem de dinheiro
Como explicar uma movimentação bancária de R$ 110 milhões em apenas 19 dias feita por alguém que declarou uma renda anual de R$ 500 mil? Essa é uma das principais interrogações levantadas no relatório final da CPI das Apostas Esportivas (CPI das Bets), no Senado Federal, sobre o empresário piauiense Fernando Oliveira Lima, mais conhecido como Fernandin OIG.
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As informações foram recém revelada em matéria de João Batista Jr. para a Revista Piauí.
Aos 34 anos, Fernandin é presidente e fundador do One Internet Group, conglomerado que inclui a casa de apostas 7 Games Bet, famosa por oferecer jogos como o popular “tigrinho” (Fortune Tiger). E seu nome não está em evidência apenas pelas cifras – mas também pelas conexões políticas.
Segundo revelou a revista piauí, Fernandin foi ao GP de Mônaco no jatinho de US$ 70 milhões levando o senador Ciro Nogueira (PP-PI). O empresário e o senador compartilham não apenas a origem piauiense, mas também laços de amizade. Ciro chegou a defender Fernandin publicamente durante uma sessão da CPI, quando o empresário ainda figurava como testemunha.
Logo após, porém, senadores como Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Izalci Lucas (PL-DF) detectaram inconsistências em seu depoimento — e Fernandin passou à condição de investigado.
Uma fortuna de cifras incompatíveis
O relatório da CPI, baseado em dados do Coaf, descreve uma escalada patrimonial relâmpago. Entre 2022 e 2023, o patrimônio de Fernandin saltou de R$ 36 milhões para R$ 143 milhões. No mesmo período, ele movimentou R$ 187 milhões em contas bancárias, especialmente por meio da corretora XP Investimentos, onde se concentram os R$ 110 milhões operados entre 1º e 19 de julho de 2024.
Há também registros de:
• Empréstimo de R$ 95 milhões tomado por Fernandin da própria empresa, One Internet S.A.
• Aporte de R$ 50 milhões na OIG Gaming Brazil Ltda, outra empresa do grupo
• Faturamento de R$ 70 milhões em dois meses por parte da OIG Entertainment, sem especificação temporal e com inconsistências contábeis
• R$ 289 milhões movimentados pela One Internet Group entre dezembro de 2023 e julho de 2024, com recursos vindos de BPAY Soluções de Pagamentos (R$ 97 milhões) e Pay Brokers (R$ 96,8 milhões)
De julho a novembro de 2024, a mesma empresa movimentou:
• R$ 409 milhões em créditos
• R$ 408 milhões em débitos
• Com pagamento de R$ 114,8 milhões ao Google, indicando alto investimento em publicidade digital.
O primo milionário e o “beneficiário do auxílio”
O relatório também escancara movimentações suspeitas de Erlan Ribeiro Lima Oliveira, primo de Fernandin e sócio da OIG Gaming Brazil. Entre os dias 1º e 19 de julho de 2024, Erlan recebeu mais de R$ 200 mil de terceiros, valores que foram integralmente transferidos a outras pessoas, de forma fracionada e atípica.
Detalhe que causa perplexidade: mesmo tendo mais de R$ 1 milhão aplicados na XP, Erlan nunca havia declarado imposto de renda antes de 2023. E mais: foi beneficiário do Auxílio Emergencial durante a pandemia. Em dois anos, seu patrimônio saltou de R$ 162 para quase R$ 1,8 milhão, segundo o Coaf.
Defesa nega irregularidades
Após a publicação da matéria, a defesa de Fernandin, representada pelos advogados João Paulo Boaventura e Thiago Turbay, enviou nota afirmando que:
“Todas as movimentações financeiras mencionadas têm origem estritamente lícita. Todos os bens e valores encontram-se devidamente declarados às autoridades competentes, foram auditados por empresas independentes e validados pelos órgãos de controle, de modo que descabe qualquer imputação de lavagem de dinheiro ou outros ilícitos.”
A CPI das Bets, no entanto, foi contundente ao sugerir o indiciamento de Fernandin por lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de pedir o indiciamento de outros personagens conhecidos do universo digital, como Virginia Fonseca e Deolane Bezerra.
Fonte: Revista Piauí