Julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz retomado na manhã desta quinta-feira

Os acusados responderão pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018

Por Carlos Sousa,

O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi retomado na manhã desta quinta-feira (31) no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Presidido pela juíza Lucia Glioche, o julgamento teve início na quarta-feira (30) e contou com o depoimento de nove testemunhas e dos próprios réus.

Foto: Tomaz Silva/Agência BrasilJulgamento do caso Marielle Franco é retomado

O crime ocorreu em 14 de março de 2018, quando Marielle, acompanhada de sua assessora e motorista, foi emboscada no bairro do Estácio, Zona Norte do Rio, após participar de um evento no centro da cidade. Treze disparos foram feitos contra o carro, vitimando Marielle e Anderson, com a assessora sobrevivendo ao ataque.

Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, presos desde março de 2019, foram ouvidos por videoconferência,
Lessa do Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, e Queiroz da Papuda, em Brasília. Os dois confessaram seu envolvimento no crime, mas ainda há detalhes adicionais sobre os mandantes sendo investigados.

Testemunhas e Investigação

No primeiro dia de julgamento, oito testemunhas prestaram depoimento presencialmente, incluindo a assessora sobrevivente Fernanda Chaves, a mãe e a viúva de Marielle, e a viúva de Anderson, Ágatha Arnaus. Em um dos depoimentos mais emocionantes, Ágatha relatou o impacto do assassinato de Anderson sobre o filho do casal, que possui uma condição rara de saúde. “O Arthur passava mal todo dia 13 ou 14 do mês, após a morte do Anderson. Acho que muito também por ver na televisão e pelo jeito que eu chegava em casa,” desabafou.

Depoimentos de policiais civis e peritos detalharam as investigações que levaram à identificação do veículo e da arma utilizada no crime. Com auxílio de câmeras de trânsito e equipamentos OCR (leitores de placas), a polícia identificou um Cobalt prata com placa clonada, usado na execução. Testes realizados com cinco armas diferentes apontaram uma submetralhadora MP5, de calibre 9mm, como a provável arma do crime.

Motivação

Segundo os investigadores, o assassinato de Marielle Franco teria motivações ligadas a disputas de terra e atividades de milícias. Testemunhas afirmaram que Marielle era contra um projeto de lei que favorecia a regularização de loteamentos em áreas controladas por grupos de milicianos, como os dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como mandantes do crime. Em sua delação, Ronnie Lessa declarou que os mandantes afirmaram que Marielle “virou uma pedra no caminho” e precisaria ser eliminada devido ao impacto de sua atuação contra as milícias.

Em seu depoimento, Lessa ainda relatou que, antes de ser procurado para o assassinato de Marielle, havia recebido uma oferta para eliminar o ex-deputado Marcelo Freixo. Em seguida, passou a receber uma proposta “irrecusável” para executar a vereadora. Segundo ele, não conhecia Marielle e apenas seguiu as instruções dos mandantes para planejar a execução.

Já Élcio Queiroz, afirmou que só soube do alvo no dia do crime, quando Ronnie o chamou para dirigir o veículo. Na noite do ataque, após seguir o carro de Marielle até uma região mais isolada, Élcio emparelhou o carro, momento em que Ronnie Lessa iniciou os disparos.

Conclusão do Caso e Expectativa de Sentença

O Ministério Público estadual, representado pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), solicitou ao Conselho de Sentença a pena máxima para os crimes, que pode chegar a 84 anos de prisão para cada réu. A juíza Lucia Glioche preside o júri, formado por sete homens.

Fonte: Agência Brasil

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