Durante CPI Fernandinho OIG diz que relação com ministro Nunes Marques é pessoal

O Empresário nega vínculos profissionais com o ministro e alega legalidade de suas plataformas

Por Carlos Sousa,

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets ouviu nesta terça-feira (26) os primeiros depoimentos dos investigados por envolvimento com as empresas de apostas no Brasil e suas possíveis ligações com crimes como lavagem de dinheiro. Um dos destaques foi o empresário Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, CEO da One Internet Group, que negou qualquer envolvimento com práticas ilegais e esclareceu sua relação pessoal com o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Foto: Roque Sá/Agência SenadoCPI das Bets

Amizade com Nunes Marques:

Convocado a pedido da relatora Soraya Thronicke (Podemos-MS), Fernandin afirmou que sua amizade com Nunes Marques remonta a mais de uma década, construída em encontros informais no Mercado da Piçarra."O Kássio é um amigo meu de mais de dez anos. É só relação de amizade”, declarou.

O empresário também comentou sobre uma viagem à Grécia, em que teria dado carona ao ministro. Segundo ele, a viagem ocorreu por conveniência, sem envolver interesses financeiros ou profissionais.

O vice-presidente da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), ironizou a simplicidade dos encontros no mercado popular. “O Mercado da Piçarra é um lugar democrático, onde ministros e milionários podem compartilhar a mesma buchada”, disse.

Jogo do Tigrinho

Durante seu depoimento, Fernandin foi questionado sobre sua ligação com o aplicativo Fortune Tiger, conhecido como "Jogo do Tigrinho", cuja legalidade é alvo de investigação. Ele negou ser proprietário do jogo, afirmando que a plataforma pertence a uma empresa estrangeira e é disponibilizada no Brasil por meio de um agregador de jogos.

“Minha plataforma oferece apenas a versão original do jogo. Não temos controle sobre versões piratas que circulam na internet”, explicou. Fernandin também apontou que as versões ilegais possuem algoritmos falsos, manipulados para favorecer as bets clandestinas.

Ao ser pressionado sobre os contratos firmados para operar os jogos, o empresário admitiu não saber os detalhes, o que gerou críticas do senador Marcos Rogério (PL-RO). “Estão tratando o Brasil como a casa da mãe Joana”, disparou o parlamentar.
 

Foto: Edilson Rodrigues/Agência SenadoFernandin OIG
Fernandin OIG

Possíveis esquemas internacionais

Além do depoimento de Fernandin, os delegados Erik Salum, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), e Paulo Gustavo Gondim Borba Correia de Sousa, da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), detalharam esquemas de lavagem de dinheiro ligados a empresas de apostas.

Salum destacou que grande parte dos sites são operados por “criminosos estrangeiros” e a “máfia asiática”, que utilizam CPFs falsos para abrir empresas no Brasil e movimentar bilhões de reais para o exterior de forma não rastreável. Ele também criticou a ausência de controle sobre instituições financeiras que operam via Pix, facilitando o “embaralhamento de dinheiro”.

Sousa, por sua vez, citou irregularidades em bets nacionais, como Esporte da Sorte e Vai de Bet, que teriam utilizado intermediadoras de pagamento para ocultar transações financeiras. A Operação Integration, que investigou essas empresas, apontou vínculos com figuras públicas, como a influenciadora Deolane Bezerra e o cantor Gusttavo Lima, ambos sob investigação por suspeita de lavagem de dinheiro.

Para o senador Omar Aziz (PSD-AM), a demora na regulamentação das bets pelo governo federal resultou na perda de arrecadação que poderia ter ajudado a equilibrar o orçamento. A Lei 14.790, de 2023, trouxe diretrizes para o setor, mas o senador destacou que já se perdeu cerca de R$ 15 bilhões em impostos não recolhidos.

Soraya Thronicke, relatora da CPI, enfatizou o impacto social das apostas, afirmando que “muitas famílias estão indo à bancarrota”. A senadora defendeu que a CPI deve lançar luz sobre os problemas do setor e proteger os consumidores.

Fonte: Com informações da Agência Senado

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