Professora denuncia discriminação em lanchonete no Centro de Teresina
O caso ocorreu na Doce Vício e envolve abordagem a criança negra; estabelecimento não se manifestou
A professora Ana Flávia Barbosa, que atua na rede estadual de ensino do Piauí e Maranhão, denunciou ter sido vítima de racismo em uma lanchonete no centro de Teresina, na tarde desta terça-feira (25). O caso ocorreu na Doce Vício, quando a professora e seu filho de 11 anos, Augusto, entraram no estabelecimento para lanchar.

De acordo com o relato de Ana Flávia, ela entrou na lanchonete com uma sacola, enquanto seu filho, que estava um pouco atrás, se aproximava da mesa. Nesse momento, um funcionário do local abordou Augusto em tom de voz baixo, dizendo: "Olha, você não pode pedir aqui". A professora relatou ter entendido a fala como uma insinuação de que seu filho era um pedinte, destacando que ele é negro e filho do coração.
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A mãe questionou o funcionário imediatamente: "O senhor está achando que porque ele entrou aqui, ele veio pedir?". O funcionário tentou justificar a abordagem alegando que não queria incomodar os clientes. Indignada, Ana Flávia respondeu: "Ele não é nem um pedinte, ele é meu filho. Só porque ele é negro e eu sou branca, o senhor está achando que ele entrou aqui para pedir?".
Ela enfatizou que racismo é crime inafiançável e, em tom elevado, exigiu um pedido de desculpas. Segundo o relato, os clientes presentes observavam a situação, enquanto o funcionário retornava ao balcão sem se desculpar.
Após a discussão inicial, um segundo funcionário, que a professora supõe ser o gerente do estabelecimento, aproximou-se pedindo calma e justificando que, no dia anterior, "um garoto entrou pedindo e incomodou os clientes". Ana Flávia respondeu: "Não é da minha conta o que aconteceu ontem. Eu quero um pedido de desculpas agora."
Ouça a descrição do ocorrido na íntegra
A legislação brasileira tipifica o racismo como crime inafiançável e imprescritível, conforme previsto na Constituição Federal (art. 5º, inciso XLII) e na Lei nº 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor. Caso a professora decida formalizar a denúncia, o caso poderá ser investigado pelas autoridades competentes.
Para Ana Flávia, o episódio foi particularmente doloroso, pois envolveu seu filho de apenas 11 anos, destacando a necessidade de conscientização e combate ao preconceito racial em todos os espaços sociais.
A professora finalizou seu relato afirmando que "nunca mais colocará os pés na Doce Vício".
A equipe do Portal AZ tentou o contato com o estabelecimento para esclarecimentos, no entanto até o momento da publicação desta matéria não houve retorno, a fim de resolver a situação da melhor forma, fica aqui o espaço para fala por parte da lanchonete Doce Vício.
Fonte: Portal AZ