Tragédia em andamento: após 1 ano, óleo segue matando vida marinha na costa

Pesquisa da UFBA registra perda de biodiversidade de 80% entre invertebrados de áreas afetadas, o que tem efeito cascata na cadeia alimentar

Por Metrópoles,

Há cerca de um ano, praias nordestinas começaram a ser atingidas por um enorme vazamento de petróleo cuja origem as investigações ainda não descobriram. Apesar de as cenas mais dramáticas, de grandes manchas na areia e animais cobertos óleo, terem passado, os danos à natureza permaneceram – e avançam.

Tragédia em andamento: após 1 ano, óleo segue matando vida marinha na costa (Foto:Marinha)

Uma pesquisa do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que está sendo finalizada para publicação chegou a conclusões alarmantes em praias que eram monitoradas há 25 anos: desde o início da tragédia ambiental, a biodiversidade de seres marinhos invertebrados experimentou uma queda de aproximadamente 80%.

O número de espécies a cada 35 metros quadrados era de 446 antes da chegada do óleo, e caiu para 74 em julho deste ano, conta o cientista Francisco Kelmo, diretor do estudo e do Instituto de Biologia. O branqueamento dos corais, que indica seu enfraquecimento, subiu 86% após o vazamento.

“Há óleo enterrado em quantidades menores do que as iniciais ao longo de todo o litoral. Esse óleo é pesado e, quando não era recolhido logo, foi enterrado pelas marés. Enterrado, ele segue liberando substâncias que matam os invertebrados, que não têm capacidade de migrar das áreas afetadas. É uma tragédia em andamento, e a vida marinha vai demorar 10 anos para superar, caso não ocorra alguma outra”, explica o pesquisador em conversa com o Metrópoles.

As pequenas criaturas marinhas estudadas pelo professor Kelmo não estão na dieta humana nem são alimentos de peixes que nós comemos, mas seu desaparecimento desequilibra a cadeira alimentar, segundo o pesquisador. “Eles são alimento de pequenos animais, que são alimento para peixes. Sem a base, os animais maiores passam fome e acabam migrando”, explica.

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