CNE anuncia vitória de Maduro na Venezuela, mas oposição não reconhece resultado
Pesquisas de boca de urna mostraram resultados conflitantes
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais deste domingo (28). Mesmo com ameaças de guerra civil e violência, milhões de venezuelanos compareceram às urnas. No entanto, a oposição não reconhece o resultado, alegando fraude e irregularidades.
As polêmicas na apuração marcaram o dia. Seções eleitorais, que deveriam ter fechado às 18h, permaneciam abertas até as 20h. Delsa Solórzano, representante da oposição no CNE, denunciou a expulsão de fiscais dos centros de votação e a recusa das autoridades em transmitir as atas para totalização dos resultados. Às 23h20, a apuração ainda não havia começado.
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A cédula eleitoral usada pelos venezuelanos apresentava a foto de Maduro 13 vezes, enquanto a imagem de González aparecia apenas três vezes. A explicação seria que as imagens dos candidatos acompanhavam as coligações que cada um apoiava.
Pesquisas de boca de urna mostraram resultados conflitantes. A oposição afirmava que Edmundo González obteve 65% dos votos, enquanto o governo declarava que Maduro venceu com 55%. Nas últimas eleições, o CNE, alinhado com Maduro, esperava uma tendência irreversível para anunciar resultados. O processo eleitoral é automatizado.
O chefe da campanha de Maduro, Jorge Rodríguez, sugeriu uma vitória do líder esquerdista: "Foi a vitória de todos e de todas". Acompanhado por outros dirigentes governistas, Rodríguez declarou que "o povo falou e essa voz deve ser respeitada".
Maduro votou às 6h20 e prometeu respeitar os resultados: "Reconheço e reconhecerei o árbitro eleitoral, os boletins oficiais e farei com que sejam respeitados". Em contrapartida, a líder opositora María Corina Machado, aliada do candidato Edmundo González Urrutia, convocou a imprensa e pediu que os eleitores permanecessem nos centros de votação: "Nossos fiscais têm o direito de levar a ata de votação". Ela descreveu a jornada cívica como "heroica".
O ex-prefeito de Caracas e ex-preso político Antonio Ledezma, exilado em Madri, garantiu que a vantagem de González era "enorme". Ele acusou o regime de tentar ocultar a liderança do opositor, impedindo que fiscais tivessem cópias das atas de votação. Andrés Velásquez, ex-governador do estado de Bolívar, reforçou a denúncia, afirmando que as autoridades não imprimiram as atas para não entregá-las aos fiscais.
Edmundo González, ao votar em Caracas, fez um discurso conciliador, pedindo a troca do ódio pelo amor e da pobreza pelo progresso. Ele chamou à reconciliação dos venezuelanos e afirmou que era hora da mudança e da paz.
Incidentes de violência também foram relatados. José Vicente Carrasquero Aumaitre, professor de ciência política da Universidad Central de Venezuela, enviou um vídeo com imagens de supostos eleitores mortos por colectivos, grupos armados leais ao chavismo, em Guasimos, no estado de Táchira. Ele alertou sobre a possibilidade de o regime roubar as eleições e iniciar uma repressão violenta.
Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, usou a rede social X para instar o respeito à vontade popular: "Os EUA apoiam o povo da Venezuela. A vontade do povo venezuelano tem que ser respeitada". O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, assegurou que as Forças Armadas garantiriam a paz à população.
O assessor internacional da Presidência da República do Brasil, Celso Amorim, elogiou a participação expressiva dos eleitores e reforçou o desejo do governo brasileiro de que o resultado das urnas seja respeitado. Ele destacou a tranquilidade da jornada eleitoral e a expressiva participação do eleitorado.
Maduro, antes de votar, visitou o Quartel da Montanha para homenagear o ex-presidente Hugo Chávez no 70º aniversário do líder da Revolução Bolivariana.
Fonte: Com informações do Correio Braziliense