Diocese afasta padre suspeito de engravidar jovem no interior do Piauí

Pároco contestou a tese de gravidez e aborto que foi denunciado pela vítima

Por Marcelo Gomes,

A Diocese de Campo Maior, localizada na região Norte do Piauí, divulgou uma nota de esclarecimento acerca do caso envolvendo o padre Alcindo Saraiva Martins, suspeito de engravidar uma jovem por duas vezes. A vítima relatou ao site Campo Maior em Foco que teve dois abortos e que um deles teria sido sugerido pelo próprio sacerdote. 

Diocese afasta padre suspeito de engravidar jovem no Piauí (Foto: divulgação)

O pároco não negou o envolvimento com a jovem, mas contestou a tese de gravidez e aborto, segundo comunicado divulgado no sábado (24) pela diocese. Conforme a nota, a vítima entregou a Dom Francisco de Assis, bispo diocesano, uma carta escrita e assinada por ela, afirmando que nunca esteve grávida, e que, consequentemente, não houve aborto. 

Em meados de julho deste ano, Dom Francisco de Assis recebeu a jovem na Cúria Diocesana. Ela alegou ter possuído um relacionamento com o sacerdote e que estaria grávida. O senhor bispo então pediu que ela apresentasse provas do que havia denunciado.

“Considerando as graves denúncias, o atentado ao sexto mandamento e que não houve atentado à vida, o bispo diocesano determinou por meio de decreto a suspensão das funções do sacerdote como pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, ficando ele proibido do uso de ordens em todo o território diocesano”, diz trecho da nota. 

O decreto também determinou a obrigação do padre em realizar um tirocínio espiritual extra muro de pelo menos 15 dias, a apresentação do seu cronograma de acompanhamento terapêutico sob o enfoque da psicoterapia do equilíbrio emocional. O sacerdote está proibido de falar sobre o assunto.

Dom Francisco decidiu pela permanência de sua desvinculação de qualquer atividade pastoral e assessorias local ou regional, ficando ele ainda proibido de assistir ou ministrar sacramentos, participar de lives nas redes sociais, e a permanecer em silêncio público sobre o fato, bem como assumir a inteira culpa pelo desgaste a Igreja e às pessoas de boa fé.

“Foi-lhe autorizado o uso de ordens apenas no território da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré após o dia 1 de outubro e estabelecido a assinatura de um termo se comprometendo a realizar a ruptura com pessoas e fatos que provocaram vergonha e escândalo aos fiéis católicos desta Igreja Diocesana”, esclareceu.

Clique aqui e veja a nota na íntegra. 

Veja também o decreto

Entenda o caso

A jovem, que não teve a identidade revelada, afirmou ao portal Campo Maior em Foco que era integrante do coral da paróquia de Nossa Senhora de Nazaré e que teria iniciado um relacionamento amoroso com o padre em 2019. 

Jovem afirmou que era integrante do coral da paróquia de Nossa Senhora de Nazaré (Foto: reprodução)

A vítima contou que tudo iniciou quando o padre Alcindo Saraiva comentou uma foto dela, postada em uma rede social. A partir daí, ele teria passado a elogiar suas publicações, onde ela acabou até questionando o motivo de tanta atenção. “Perguntei o porquê das mensagens, ele disse que não tinha uma explicação, que estava interessado, mas não tinha coragem de chegar até mim. Disse que o meu jeito tinha o encantado, ele mandava várias mensagens, começamos a conversar até que um dia ele disse que estava apaixonado, que já tinha namorado uma menina e que era muito discreto”, contou.

No depoimento, a jovem contou ainda que os dois seguiram conversando até que ele a pediu em namoro na casa paroquial em Nossa Senhora de Nazaré. Eles iniciaram o relacionamento conturbado que durou aproximadamente um ano e meio. “Fomos mantendo esse relacionamento em meio a muitas brigas, por que pra mim era muito difícil aceitar a vida dele como padre, isso me frustrava. Era uma vida muito corrida, a gente brigava muito”, revelou.

Ainda segundo a reportagem do Campo Maior em Foco, o relacionamento se tornou algo conturbado devido a vontade da jovem assumir o ‘romance’ publicamente, mas o religioso tinha receio e medo, o qual cogitou a possibilidade de deixar o sacerdócio para poder assumir a relação. 

No fim do ano passado, a jovem supostamente teria engravidado. Segundo ela, o teste de farmácia havia dado positivo, e ao saber da possibilidade, o padre teria sugerido que ela realizasse um aborto. “Quando eu fiz o teste de farmácia, deu positivo, ele falou que não estava preparado para ser pai. Ele disse: e se você tomasse remédio? Você vai tomando uns chás para ver se ‘desce’, se não você toma os remédios. Eu vou ficar com você, vou tomar conta de você”, denunciou.

Ainda segundo a jovem, uma segunda gravidez aconteceu em julho de 2020. Na época ela fez um teste de farmácia que deu positivo. Porém, um outro teste desta vez de sangue, realizado no hospital de Campo Maior, mostrou resultado contrário.

Depois disso, ainda segundo relatos da jovem, ela precisou ser atendida no hospital de Campo Maior, pois havia tomado alguns remédios. Na ficha de atendimento do dia 24 de julho de 2020, veio o diagnóstico de um possível abortamento. O padre foi informado sobre o que tinha acontecido, mas não acreditou. “Ele disse que era tudo uma invenção, que eu tinha fingido o aborto. Ele tinha consciência que eu tinha tomado os remédios, tanto na primeira vez como na segunda, mas não se importou”, detalhou a vítima ao Campo Maior em Foco. 

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