Delegacia de Feminicídio investiga assassinato de travesti em Teresina

Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis emite nota de repúdio e cobra investigações do crime

Por Marcelo Gomes,

O Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) está investigando a morte da travesti Paola Araújo, 31 anos, que foi assassinada a tiros na noite deste domingo (06), na BR 316, próximo ao balão do bairro Porto Alegre, zona Sul de Teresina.

Paola Araújo foi assassinada a tiros na zona Sul de Teresina (Foto: reprodução Facebook)

Ao Portal AZ, o diretor do DHPP, o delegado Francisco Barêtta, afirmou que o caso está sendo tratado como feminicídio e que a polícia irá encontrar os autores do crime.

Delegado Barêtta (Foto: Wilson Nanaia / Portal AZ)

“Eu determinei que as investigações do caso fossem para o núcleo de feminicídio, haja vista que existe uma norma que assassinato de mulheres ou homossexuais, travestis, independente da natureza jurídica do fato, seja investigado pelo núcleo responsável. O caso está investigado com muita cautela para apresentarmos a sociedade uma resposta satisfatória. A única certeza que podemos afirmar é que a gente investiga para prender e não prende para investigar. Iremos chegar aos criminosos e concluir esse caso”, explicou.  

Segundo informações da polícia, Paola Araújo teria sido executada a tiros por dois homens na zona Sul. “A informação que recebemos é que ela estaria próximo a um balão quando dois homens pararam em uma motocicleta e efetuaram disparos contra a travesti. Ainda não se sabe a motivação do crime”, informou a Coronel Elsa Rodrigues, Relações Públicas da Polícia Militar ao Portal AZ.

Nota de repúdio 

O Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis (Gptrans) emitiu nesta segunda-feira (07) uma nota de repúdio sobre a morte de Paola Araújo. A entidade afirma que estará cobrando a investigação aos órgãos competentes, para que o culpado pelo crime seja punido na forma da lei.

Segundo o Gptrans, Paola era atuante nas ações de promoção e defesa da cidadania de Travestis e Transexuais no Piauí (Foto: reprodução Facebook)

Veja abaixo a nota na íntegra: 

O Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis – GPTRANS é uma entidade representativa das pessoas Transexuais e Travestis do Estado do Piauí, que atua na luta pelos Direitos Humanos, pela Inclusão Social, pela Educação de mudanças de comportamento frente ao uso de drogas, infecção pelo vírus HIV/AIDS/Hepatites Virais e pela Promoção da Equidade em Saúde, com assento no Conselho Municipal de Direitos LGBT de Teresina, no Conselho Estadual de Saúde do Piauí, Conselho Estadual de Direitos da População LGBT.

Vimos por meio desta externar nosso repúdio ao assassinato da travesti Paola Araújo, morta na madrugada do dia 07 de outubro de 2019, vítima de três tiros com arma de fogo, no Balão do Bairro Porto Alegre - Teresina - PI.
Paola era atuante nas ações de promoção e defesa da cidadania de Travestis e Transexuais no Piauí, lamentamos profundamente sua vida tenha sido ceifada dessa forma brutal, em um país onde a expectativa de vida de pessoas Travestis e Transexuais é de 35 anos, infelizmente nossa Companheira entrou para está estatística.

O GPTRANS estará vigilante junto aos órgãos competentes, cobrando a investigação, para que o culpado pelo crime seja punido na forma da lei.

Leonna Osternes
Coordenadora do Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis – GPTRANS

Amigos pedem justiça

No perfil pessoal da travesti, amigos e familiares publicaram diversas declarações e homenagens. Eles pedem justiça pela morte de Paola Araújo. A coordenadora do Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis (GPTrans), Maria Laura dos Reis, publicou nas redes sociais um longo desabafo. 

“Infelizmente, mais uma travesti foi morta em Teresina, dessa vez a vítima foi nossa Companheira de Luta Paola Araújo, que esteve conosco em diversas ações de promoção e defesa da cidadania de Travestis e Transexuais, apesar dos nossos esforços incansáveis contra toda e qualquer forma de discriminação, a violência está presente no nosso dia a dia, por isso temos que estar sempre vigilantes, atuantes e jamais desistir de lutar”, disse.

Matéria relacionada:

Travesti é assassinada a tiros na zona Sul de Teresina; amigos pedem justiça

Comente

Pequisar