Tudo o que a PF sabe até o momento sobre as explosões em Brasília
Investigações apontam para conexões com grupos extremistas e investiga apoio logístico e possível planejamento de longo prazo
Na manhã desta quinta-feira (14), a Polícia Federal (PF) revelou novos detalhes sobre as explosões ocorridas em Brasília na noite anterior, próximas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Anexo IV da Câmara dos Deputados. Em coletiva de imprensa, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que o atentado não se trata de um “fato isolado” e que há indícios de envolvimento de grupos extremistas. As investigações, que tramitam sob a supervisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, têm como hipóteses iniciais a tentativa de atentado contra o Estado de Direito e ato de terrorismo.
A operação de ontem envolveu varredura antibombas e ativou o Plano Escudo, autorizando o Exército a proteger prédios institucionais sem a necessidade de uma operação formal de Garantia da Lei e da Ordem. O principal suspeito, Francisco Wanderley Luiz — conhecido como “Tiu França” e ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL) em Santa Catarina — foi encontrado morto no local, após explodir os artefatos.
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Investigação e Grupos Extremistas
Segundo Andrei Rodrigues, a PF considera inadequada a descrição de “lobo solitário” para o autor das explosões, ressaltando que, “por trás da ação nunca há só uma pessoa, sempre um grupo ou ideias de um grupo extremista”. A polícia investiga a possibilidade de apoio logístico e financeiro ao suspeito, com base em indícios de que ele realizou viagens prévias a Brasília, inclusive no início de 2023, período que coincide com os atos de vandalismo de 8 de janeiro. Ainda não está claro se o suspeito teve envolvimento direto nessas ações.
Artefatos e Riscos Potenciais
A investigação revelou que o suspeito usou explosivos improvisados com alta capacidade de dano. Os itens incluíam bombas-tubo, artefatos com acionamento remoto, fogos de artifício fixados em tijolos para direcionar a explosão e um extintor de incêndio carregado com gasolina para simular um lança-chamas. De acordo com a PF, esses dispositivos foram montados para maximizar a lesividade, com fragmentos que reproduzem o efeito de uma granada.
No porta-malas do carro do suspeito, que também explodiu parcialmente, foram encontrados outros artefatos de explosão caseiros que falharam na ignição. Além disso, buscas realizadas pela PF em Ceilândia, onde o suspeito residia, resultaram na apreensão de mais explosivos e de uma caixa enterrada, que agora passa por perícia.
Dinâmica do Atentado e Operação de Segurança
Na noite de quarta-feira (13), Francisco Wanderley Luiz foi visto se aproximando de uma estátua em frente ao STF, segurando um dos artefatos explosivos antes de arremessá-lo em direção ao prédio da Corte. Após a explosão, um carro pertencente ao suspeito detonou nas proximidades da Câmara dos Deputados. Imagens do momento mostram explosões e agentes de segurança rapidamente isolando a área.
Durante a operação, a equipe da PF utilizou um robô para acessar a residência do suspeito em segurança, evitando que policiais fossem feridos, já que uma gaveta explodiu antes que pudessem entrar no local.
Medidas Preventivas e Riscos Futuros
Em resposta ao atentado, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ativou o Plano Escudo, o que permite o patrulhamento do Exército em locais estratégicos como o Palácio do Planalto, Palácio da Alvorada, Palácio do Jaburu e Granja do Torto. Esse procedimento é parte das medidas para prevenir novos ataques e garantir a segurança dos espaços governamentais.
A Polícia Federal agora concentra esforços na identificação de possíveis cúmplices e no rastreamento de qualquer apoio logístico que possa ter sido oferecido ao suspeito. Segundo Andrei Rodrigues, o objetivo é identificar as ramificações e conexões do caso, garantindo que episódios semelhantes sejam evitados no futuro.
Fonte: CNN Brasil