Polícia Federal desmantela plano de assassinato contra Lula, Alckmin e Moraes

O plano teria sido articulado na casa de Braga Netto; cinco envolvidos estão presos, incluindo militares e um policial federal

Por Carlos Sousa,

A Polícia Federal (PF) realizou nesta terça-feira (19/11) uma operação para desarticular um plano de golpe de Estado que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e a eliminação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações apontam para um esquema detalhado, liderado por militares e articulado com métodos clandestinos de caráter antidemocrático.

Foto: Getty ImagesAlckmin, Lula e Moraes são citados em documentos de um possível plano para golpe de Estado
Alckmin, Lula e Moraes são citados em documentos de um possível plano para golpe de Estado

Prisões e envolvidos

Cinco pessoas foram presas com autorização do STF, incluindo quatro militares conhecidos como “kids pretos” (ligados a operações especiais do Exército):

General de Brigada da Reserva Mario Fernandes, ex-secretário-executivo no governo Bolsonaro;

Tenente-Coronel Helio Ferreira Lima;

Major Rodrigo Bezerra Azevedo;

Major Rafael Martins de Oliveira, apontado como líder da operação;

Wladimir Matos Soares, policial federal.

Os documentos apreendidos, contendo áudios, mensagens, e relatórios detalhados, revelam ações preparatórias e planos de execução envolvendo codinomes e logísticas clandestinas.

Operação “Copa 2022”

Segundo as investigações, o plano ganhou força entre novembro e dezembro de 2022 e foi denominado pelos conspiradores como “Copa 2022”. Documentos encontrados indicam que:

Em 12 de novembro, uma reunião ocorreu na casa do general Braga Netto, ex-candidato à vice-presidência na chapa de Bolsonaro, com a presença de outros envolvidos.

O major Rafael Martins encaminhou um documento protegido por senha, intitulado "Copa 2022", que estimava os custos e recursos necessários para ações clandestinas.

No aplicativo Signal, os integrantes do grupo usaram codinomes de países para ocultar identidades, como Alemanha, Áustria e Japão.

O objetivo do grupo incluía monitoramento de Moraes, com mensagens demonstrando movimentação para captura. Em uma conversa, o líder do grupo ordenou o cancelamento de uma ação planejada para 15 de dezembro, reforçando o caráter coordenado das operações.

“Punhal Verde Amarelo”: um plano de extermínio

Outro documento-chave, intitulado “Punhal Verde Amarelo”, detalhava ações para eliminação de Lula, Alckmin e Moraes. Elaborado por Mario Fernandes e impresso no Palácio do Planalto, o texto descreve medidas de alta complexidade, incluindo:

Execução de Lula: utilizando envenenamento ou agentes químicos devido à vulnerabilidade do presidente eleito em visitas a hospitais.

Neutralização de Alckmin: para extinguir a chapa eleita.

Ataques a Moraes: com explosivos ou envenenamento em eventos públicos.

A PF classificou o plano como "terrorista", com riqueza de detalhes sobre armamentos pesados, como metralhadoras e lança-granadas. O documento também indicava a possibilidade de mortes entre os executores, evidenciando o desprezo pela vida, inclusive dos envolvidos.

Ligação com o governo Bolsonaro

As investigações apontam que o material foi produzido em novembro de 2022, durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. Alguns dos documentos foram levados ao Palácio da Alvorada, e celulares de envolvidos, como Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, estavam conectados à rede do Planalto na época.

Além disso, o general Augusto Heleno foi mencionado como futuro chefe de um "gabinete institucional de gestão da crise", que seria coordenado por Braga Netto.

Conclusão

Os indícios reunidos pela PF e STF revelam uma tentativa organizada de desestabilizar a democracia brasileira. O uso de estratégias militares e planejamento detalhado reforçam a gravidade do caso, que agora segue sob investigação para identificar possíveis novos envolvidos e conexões políticas.

O STF e a PF reafirmaram o compromisso de combater ameaças ao estado democrático de direito, enquanto os detidos permanecem sob custódia, respondendo por crimes que vão de conspiração à possível prática de atos terroristas.

Fonte: Com informações BBC News

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