Delegacia de Combate Corrupção investiga comandante geral da PM-PI

Delegado cobra documentos sobre R$ 2,7 milhões pagos à LP Total Service

Por José Ribas Neto,

A Polícia Civil do Estado do Piauí, por meio do Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR), abriu uma investigação formal para apurar indícios de superfaturamento, execução fictícia de obras e conluio com agentes públicos no âmbito do Contrato nº 36/2021, firmado entre a Polícia Militar do Estado do Piauí (PM-PI) e a empresa LP Total Service Ltda.

Foto: ReproduçãoScheiwann Lopes
Scheiwann Lopes

Em ofício assinado pelo delegado Ferdinando Martins Araújo e enviado ao comandante-geral da PM-PI,  Scheiwann Scheleiden Lopes da Silva, a Polícia Civil cobra, no prazo de dez dias, o envio de cópia integral do contrato, lista das manutenções realizadas, descrição dos serviços executados e notas fiscais emitidas pela empresa. O documento, datado de 25 de abril de 2025, cita diretamente o BO nº 4817/2025, vinculado ao processo de investigação sobre o caso.

Foto: ReproduçãoConluio de agentes públicos
Conluio de agentes públicos

Segundo os autos da denúncia que embasam a apuração (Processo SEI nº 00028.005302/2022-80), a LP Total Service foi contratada para executar serviços de manutenção predial no Quartel do Comando Geral (QCG) e no 6º Batalhão da PM. O valor pago pelos serviços no QCG ultrapassou os R$ 2,7 milhões, com pagamentos respaldados por boletins de medição assinados pelo fiscal técnico Engenheiro Saturnino Gonçalves Bastos Neto.

Entretanto, relatórios internos e fotografias anexadas ao processo revelam um quadro preocupante: infiltrações generalizadas, falhas de vedação, materiais degradados precocemente e ausência de correções mesmo após notificações formais. Os documentos demonstram que os serviços atestados como concluídos e pagos apresentavam vícios graves ou sequer foram realizados.

A situação se agrava com a constatação de abandono das obras no 6º BPM, também sob responsabilidade da LP Total Service. 

Apesar das notificações, a empresa não retomou os serviços nem prestou esclarecimentos.

O ofício encaminhado à PM-PI é categórico ao mencionar indícios de superfaturamento, desvio de recursos públicos e conluio com agentes públicos, além de registrar a citação de diversos nomes no processo, incluindo o do próprio comandante-geral da corporação, na condição de ordenador de despesa. 

O engenheiro fiscal, o gestor do contrato e a empresa contratada são mencionados como alvos diretos da apuração, sob possível enquadramento por ato de improbidade administrativa (Lei 8.429/1992) e descumprimento de normas técnicas da ABNT.

A Polícia Civil requer que toda a documentação seja enviada em formato digital para o e-mail institucional do departamento ([email protected]), o que sinaliza o avanço para uma fase de análise técnica e confronto de provas.

Enquanto milhões são despejados em contratos suspeitos, quartéis reformados às pressas já voltam a apresentar goteiras, rachaduras e abandono — e o que era para ser obra de manutenção virou material de inquérito.

Fonte: Portal AZ

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