MPE denuncia Tatiana Medeiros e crimes podem chegar até 500 anos de prisão
A denúncia foi conduzida pelo promotor João Batista de Castro Filho.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentou nesta segunda-feira (12) uma denúncia formal contra a vereadora Tatiana Medeiros (PSB) e outras oito pessoas, acusadas de participar de uma estrutura criminosa voltada à manipulação do processo eleitoral de 2024 em Teresina. A parlamentar é citada por mais de 100 casos de corrupção eleitoral, além de doze episódios de peculato, que envolvem o desvio de recursos públicos. Segundo o Ministério Público, somadas, as penas máximas dos crimes pelos quais ela é acusada podem ultrapassar 500 anos de reclusão.

A investigação, protocolada pelo promotor João Batista de Castro Filho, resultou na Operação Escudo Eleitoral, que revelou práticas como compra de votos, uso indevido de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
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De acordo com o MPE, os denunciados faziam parte de um grupo com organização definida e funções estabelecidas, incluindo assessores parlamentares, familiares da vereadora e até uma pessoa com vínculos a uma facção criminosa. Entre os crimes apontados estão peculato, corrupção eleitoral, falsidade ideológica e organização criminosa.
Outros nomes envolvidos também ocupavam papéis estratégicos no esquema. Alandilson Cardoso Passos, companheiro da vereadora, é apontado como um dos articuladores da estrutura financeira da campanha, utilizando recursos ilícitos e atuando na captação e compra de votos. Já Stênio Ferreira Santos, padrasto da vereadora, é acusado de participar de desvios salariais e movimentações financeiras irregulares a partir da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi).
ONG servia de fachada para aliciamento de eleitores
Segundo a investigação, o Instituto Vamos Juntos, presidido pela mãe de Tatiana Medeiros, era o principal canal de aliciamento de eleitores. Criada oficialmente para atividades sociais, a ONG teria sido usada para coletar dados de eleitores e oferecer benefícios indevidos em troca de apoio político.
O MP identificou que, somente no ano eleitoral, a entidade teve um aumento de mais de 1.100% em suas movimentações bancárias, o que reforça as suspeitas de uso da ONG como fachada para repasses irregulares. Uma das transferências identificadas foi de R$ 201 mil para o padrasto da vereadora, verba que teria sido usada para financiar a campanha.
Outro ponto destacado na denúncia envolve a prática conhecida como rachadinha, na qual servidores públicos repassam parte de seus salários a terceiros. No caso, Stênio Santos, então servidor da Alepi, repassava parte de sua remuneração à parlamentar.
Interceptações telefônicas também revelaram conversas entre Alandilson Passos e outros envolvidos sobre a necessidade de vender bens — como uma Land Rover — para quitar dívidas de campanha. Em um dos áudios, ele afirma que, com a eleição de Tatiana, teria “uma vereadora na Câmara para ajudar”.
Processo pode levar à cassação e prisão dos envolvidos
O Ministério Público pede o recebimento da denúncia e o prosseguimento da ação penal. Caso sejam condenados, os acusados podem enfrentar penas elevadas, além da perda de mandato, suspensão dos direitos políticos e inelegibilidade.
Fonte: Portal AZ