Promessa de paraíso virou calote no litoral do Piauí

Investidores denunciam desvio de R$ 24 milhões em resort de luxo no Piauí

Por José Ribas Neto,

O que começou com promessas de sofisticação à beira-mar e alta rentabilidade virou um escândalo milionário no litoral do Piauí. O projeto Costa do Sardin, anunciado como um ambicioso complexo turístico de luxo, captou cerca de R$ 34 milhões de investidores atraídos por vídeos promocionais bem produzidos, pré-venda de unidades e garantias de valorização. Hoje, o cenário é outro: obra paralisada, terreno abandonado e o principal idealizador do empreendimento, o empresário Jivago Castro, desaparecido.

Foto: ReproduçãoCosta do Sardin no litoral do Piauí
Costa do Sardin no litoral do Piauí

Segundo informações da própria construtora, aproximadamente R$ 24 milhões teriam simplesmente sumido. Dezenas de famílias e empresários, muitos locais, ficaram com prejuízos vultosos e nenhuma resposta concreta.

A proposta vendida era sedutora: um resort pé na areia, com estrutura de lazer de alto padrão, inserido em uma das regiões mais promissoras do litoral piauiense. Mas à medida que os meses passaram, o ritmo das obras desacelerou até cessar por completo. O silêncio substituiu os boletins otimistas. E a frustração substituiu o entusiasmo inicial.

Agora, os investidores se articulam juridicamente para responsabilizar os envolvidos e localizar os recursos desaparecidos. “Compramos um sonho. Entregaram um terreno vazio e uma conta no prejuízo”, relata um dos investidores, que prefere manter o anonimato.

Foi parar na justiça 

A revolta entre os compradores do Costa do Sardin já ganhou contornos jurídicos. Parte dos investidores tiveram que acionar os meios legais ao protocolar uma denúncia formal contra o engenheiro e empresário Jivago Castro, com pedido de prisão preventiva. O argumento é de que houve não apenas descumprimento contratual, mas indícios concretos de má-fé e possível apropriação indevida de recursos milionários que deveriam ter sido empregados na execução do empreendimento.

Em conversa reservada, um dos clientes desabafou: “Não sei dizer porque não estou cuidando disso diretamente. Mas é uma situação muito preocupante, porque ele evita qualquer tipo de diálogo com os clientes.” Segundo ele, existe um grupo de compradores no WhatsApp onde a insatisfação é generalizada. “O Jivago não está cumprindo os termos do contrato de compra e venda.”

Outro relata algo mais grave: “ele simplesmente sumiu.”

A ausência do responsável pelo projeto só aumenta a sensação de abandono e desespero entre os lesados. Muitos afirmam não conseguir localizar Jivago Castro por nenhum canal de comunicação, o que inviabiliza qualquer tentativa de conciliação ou esclarecimento sobre o futuro do Costa do Sardin. Para os compradores, restou apenas o silêncio — e a conta.

A família muito unida

Nos bastidores, circula a informação de que membros influentes da família Castro — que inclui empresários de renome e até um senador da República — teriam se mobilizado para “limpar a barra” de Jivago, articulando um acordo considerado humilhante pelos compradores lesados. A proposta, segundo relatos, previa retirar Jivago da linha de frente das denúncias, transferindo a responsabilidade para um suposto laranja, conhecido apenas como “Loirinho”, um nome que passou a circular entre os investidores como a nova face da confusão. A manobra, além de não oferecer garantias reais de ressarcimento, foi vista como uma tentativa descarada de blindar o engenheiro e desviar o foco das investigações.

Pegou muito ruim pro mercado

O caso acende um sinal vermelho para o setor imobiliário piauiense: a urgência de fiscalização séria, mecanismos de garantia robustos e maior transparência nas relações entre investidores, incorporadoras e construtoras.

Enquanto a Justiça não age, o Costa do Sardin permanece como uma ruína simbólica — não de concreto, mas de promessas quebradas. E o que seria um cartão-postal do desenvolvimento turístico, por ora, virou ponto de interrogação no mapa.

Fonte: Portal AZ

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