Maluquice sem tamanho, dizem diplomatas sobre escritório do Piauí na Estônia
O Portal AZ ouviu políticos e diplomatas brasileiros em Brasília sobre a ideia do governador Rafael Fonteles
O Jornalista Bruno Santiago, antigo colaborador do Portal AZ, em Brasília, tentou ouvir alguns políticos e principalmente diplomatas brasileiros sobre a ideia do governador Rafael Fonteles inaugurar escritórios do Piauí e em Portugal e na Estônia. A resposta foi, literalmente esta: “maluquice sem tamanho”.

Um diplomata que conhece bem o Piauí e em Teresina já esteve para eventos festivos no terceiro governo Wellington Dias não mediu palavras para definir a empreitada:
“Só se for para mandar algum compadre/aliado ficar passeando e namorando as estonianas”.
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Nem mesmo os diplomatas admitem que conheçam outro Estado ou governador que tenha ousado tanto, nem mesmo o poderoso São Paulo.
Noves foras as ironias sobre alguém namorar garotas bálticas, diz o mesmo diplomata que a menor custo e com um suporte técnico muito competente, poderia o governo do Piauí estabelecer conversações com muitos países se recorresse ao Itamaraty, nome pelo qual o corpo diplomático se refere ao Ministério das Relações Exteriores.
Sob condição de não ter seu nome publicado, um piauiense com doutorado em relações internacionais explica que até é possível a estados e mesmo municípios grandes e ricos abrirem representações no exterior, mas lembra que isso só pode ser feito se houver uma relação maior de ganhos que de gastos.
“Não parece ser o caso do Piauí”, ele diz, ratificando as palavras de outra fonte sobre ser mais fácil, viável e rentável buscar suporte no Itamaraty.
Na sua gestão o Governador João Doria inaugurou o escritório comercial de São Paulo em Dubai. Muito justificadamente pelo tamanho do Estado e o que tem a oferecer aos países do Oriente Médio e do Norte da África.
“O Piauí só tem contracheques e isso não é mercadoria que estoniano queira”, ironizou um deputado que é da própria base do governador, mas que justificou a tirada sarcástica pela monumental pisada de bola do chefe do governo.
A atual gestão do Piauí não consegue colocar um delegado de polícia em cidades do interior, alegando falta de verba, imagine manter representações a custo na base do euro em países estrangeiros.
Entenda o caso:
O Estado e o governo estão ausentes na maioria dos municípios do Piauí, mas uma decisão do governador piauiense Rafael Fonteles, do PT, vai colocar representações na Estônia em Portugal, como “medida de internacionalização da economia”, com “objetivo de “atrair investimentos estrangeiros”.
A Estônia, onde será aberta uma dessas “embaixadas” é um dos três países bálticos que até 30 anos atrás estava ligado à extinta União Soviética. Em 2019, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, o intercâmbio comercial entre o Brasil e aquela nação báltica era de US$ 38,8 milhões. As exportações brasileiras foram de US$ 18,4 milhões e as importações, de US$ 20,4 milhões.
Não parece haver grande espaço para a captação de negócios entre os estonianos e os piauienses a julgar pelo minúsculo comércio bilateral.
O governador Fonteles afirma, porém, que o escritório em capital estoniana, será para “atração de empresas de tecnologia para o Piauí”.
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Fonte: Portal AZ