Estadão diz que Ciro Nogueira mantém “tentáculos” no governo Lula
Recentemente Ciro e Lula se abraçaram. “Os dois sorriram como velhos amigos”, diz o Estadão
Na sua edição impressa desta segunda-feira, o jornal O Estado de São Paulo traz reportagem dizendo que o senador piauiense Ciro Nogueira (PP), “mantém tentáculos no governo federal, mas afirma que não pode ‘trair’ ex-presidente Jair Bolsonaro”.

O jornal afirma que “o ex-ministro de Bolsonaro continua dando as cartas em Brasília. Ele tem o comando do PP, que está na presidência da Câmara e na liderança da Minoria no Senado. E é um dos líderes que articulam a sucessão das duas Casas Legislativas, no próximo ano. Além disso, passou a ter influência no governo de São Paulo, maior colégio eleitoral do País, compondo a cúpula de articulação política da gestão Tarcísio Freitas (Republicanos). O senador tem sido chamado nos bastidores de “presidente administrativo”.
Segundo o Estadão, procurado em setembro do ano passado pelo Palácio do Planalto, Ciro Nogueira não quis falar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estendeu uma ponte para que o PP fosse parte da base governista no Congresso.
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Aliados em passado recente, Ciro Nogueira e Lula se distanciaram quando o senador assumiu a chefia da Casa Civil na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Ciro evitou Lula diretamente, mas em 20 de dezembro, relata o Estadão, em meio ao empurra-empurra na solenidade de promulgação da reforma tributária, o presidente viu o senador, parou e o puxou pelo pescoço para um abraço. “Os dois sorriram como velhos amigos”, diz o Estadão.
Não parece sem razão esse abraço, pois segundo relata o Estadão, “o parlamentar deu apoio e o voto para aprovação da reforma tributária no Senado”. Relata ainda o jornal que “da mesma forma, não fez oposição às indicações de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal e de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República, apesar de não ter revelado seu voto.” Porém, segue informando o Estado de São Paulo, “quando vai ao Twitter ou a uma entrevista, a regra é falar mal do governo do PT e menos de Lula”. “O Lula gosta de mim, não é uma coisa política, e eu confio nele. Uma pessoa para não gostar do Lula. Ele é cativante, mas não posso trair o presidente Bolsonaro”, diz o senador conforme a publicação do jornal paulista.
Afirma o jornal também que tudo isso vem acontecendo em meio a uma sistemática oposição do senador do presidente – nas mídias sociais, nas quais Ciro disse que seria impossível o PP “fazer o L” – enquanto o partido entrava no governo, apontando o deputado André Fufuca (MA), bastante ligado ao senador, como ministro do Es porte, “firmando os tentáculos do grupo na gestão petista”, conforme o texto do Estadão.. O partido também emplacou o presidente da Caixa, Carlos Vieira, no cargo.
Segundo a reportagem do Estadão, “toda a situação mostra como o senador migrou do papel de influente chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro, mandando no orçamento secreto, para uma oposição a Lula que mantém espaço na base aliada”.
Diz o jornal paulista que “com o PP no governo e o presidente da sigla fazendo discurso de opositor, parlamentares do partido estão livres para negociar com o Planalto conforme o ritmo das articulações”.
Essa situação de crítica em mídias sociais e na grande imprensa, mas apoio no Diário Oficial cria as condições para que possam os congressistas do PP pedir cargos e verbas sempre que Lula quiser aprovar algo e se afastar para não colar sua imagem no governo. “É uma posição confortável para a legenda, reinventando o papel do Centrão, que sempre foi governista em gestões anteriores”, diz o Estadão.

ABRAÇO EM LULA
A reportagem do Estadão revela que “o abraço em Lula provocou preocupação no senador. Ele chegou a agradecer a interlocutores por nenhuma imagem do momento ter sido divulgada – até agora. O parlamentar é constantemente levado a renovar a aliança com Bolsonaro”.
Afirma ainda o jornal que “no dia seguinte ao abraço, [Ciro Nogueira] afirmou à Coluna do Estadão que se tratou de gesto entre “duas pessoas civilizadas” e negou a possibilidade de se aproximar do petista. “Chance zero.”
Segue o jornal informando que “no mesmo dia, [Ciro Nogueira] disparou nas redes mais um episódio do Cirocast, com falas contra a gestão petista”. “No dia 4 de janeiro, o parla mentar publicou um vídeo nas redes sociais jurando fidelidade a Bolsonaro até seus “últimos dias na política”. “Minha relação com Bolsonaro é como se fosse um casamento. Você diverge, você discorda, mas nunca vai acontecer o divórcio”, afirmou.
O Estadão diz que “na avaliação do presidente do PP, Lula, “graças a Deus”, comete o mesmo erro de Bolsonaro ao falar com seu próprio público. A exceção foi o discurso do petista no Natal, bem escrito e formulado, na opinião do senador. Não faltam elogios ao governo: a escolha de Ricardo Lewandowski para o Ministério da Justiça e as “boas intenções” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na condução da política econômica. Mas também há críticas: frustração do eleitor que esperava picanha e cerveja no primeiro ano de governo, falta de grandes obras começa das e entregues e o descaso com a segurança pública.”
Fonte: Com informações do Estadão