O Piauí vive a esquizofrenia politica

A classe política se reduz a intermediária de favores para uma parte do eleitorado em troca de apoio

Por José Ribas Neto,

A esquizofrenia politica é uma experiência, sendo tal experiência bem definida para ilustrar melhor pela estrutura interna de suas oligarquias partidárias, que dominam as prefeituras nos rincões do estado. Essas oligarquias, geralmente provenientes da transformação das elites familiares agrícolas da primeira metade do século XX, controlam atualmente os meios de produção por meio da máquina pública das licitações e impedem que o cidadão médio escape da esfera de controle do estamento burocrático através de legislações e tributos.

Foto: Arquivo/Agência BrasilMulher
O conteúdo dessa experiência cria a dependência da superestrutura de governo para a sobrevivência daqueles abaixo do poder, como as 600 mil famílias que têm no Bolsa Família sua única fonte de renda no estado. Mas também afeta aqueles que trabalham, muitos dos quais dependem do apadrinhamento político para conseguir cargos em empresas que prestam serviços ao estado, como é o caso das prestadoras de serviços terceirizadas.

José Murilo de Carvalho aponta que essas oligarquias, organizadas desde o fim da monarquia e consolidadas como parte do poder na nova república, tornaram-se a força motriz da destruição dos meios econômicos no país, especialmente no nordeste, onde instauraram o que denominou ‘esquizofrenia política’.

A classe política, explica Carvalho em ‘Cidadania no Brasil: O longo caminho’, não tem como papel resolver os macroproblemas da maioria da população, mas se reduz a intermediária de favores para uma parte do eleitorado em troca de apoio. O eleitor vota no vereador ou deputado em benefício pessoal ou para garantir favores futuros, e os legisladores, por sua vez, apoiam o governo na esfera executiva como meio de troca para receber favores econômicos ou cargos que possam ser revertidos para esses mesmos eleitores, num ciclo de realimentação.

Um exemplo claro desse fenômeno e que ilustra o quadro geral pode ser visto quando, apoiados por vereadores e deputados, assessores políticos organizam e trazem ‘militantes’ do interior do estado para campanhas na capital, oferecendo propostas de natureza econômica ou instilando medo de corte de benefícios sociais.

Bruce Bueno de Mesquita argumenta que essa lógica da sobrevivência política é parte da ciência moderna do poder, é o que ele chama de "seletorado".

Em ‘The Logic of Political Survival’, Mesquita argumenta que é da natureza do agente político a tentativa de sempre desejar permanecer no poder, e para isso é lógico que as estruturas de manutenção passem pela coalizão com grupos de poder que servem de sustentação desse poder.

Em grandes sistemas de coalizão, como as democracias, o uso do erário público se faz necessário para os agentes manterem seu grupo vencedor e, por extensão, a massa votante de apoaidores.

No caso piauiense, essas oligarquias que se coalizam são o grupo de sustentação dos mais de 20 anos de governo do Partido dos Trabalhadores no Piauí, tanto na eleição de prefeitos quanto no caso mais notório, a hegemonia no cargo de governador.

Essa mesma experiência pode ser observada no caso venezuelano, onde, em níveis menos desavergonhados, os apoiadores do regime só podem receber alimentação distribuída pelo Estado se forem ativos nas ações e manifestações do PSUV, partido de Nicolás Maduro, o que por sua vez mantém a hegemonia de poder e estrutura burocrática oficial.

Nada diferente daqueles que temem perder o Bolsa Familia e só tem por socorro o politico escuso.

Fonte: Portal AZ

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