Governo Milei retira do ar sites, rádios e canais de tv públicos da Argentina

O sindicato de trabalhadores alega censura contra mídia pública

Por Carlos Sousa,

O governo da Argentina, liderado por Javier Milei, retirou do ar nessa terça-feira (21) os sites e perfis nas redes sociais de veículos públicos de comunicação do país. Entre os afetados estão a Televisión Pública, a Radio Nacional da Argentina e diversas emissoras do interior.

Foto: ReproduçãoJavier Milei
Javier Milei

O sindicato de trabalhadores que representa esses veículos alega que a medida configura censura contra a mídia pública, um objetivo que Milei prometeu alcançar desde que assumiu o poder. A Agência Telám, principal veículo de comunicação público do país, está fora do ar desde o início de março, quando os trabalhadores foram dispensados.

De acordo com comunicado publicado pelas mídias nesta terça-feira, a decisão de “pausar temporariamente” os canais digitais de comunicação da mídia pública argentina tem como objetivo reorganizar os canais para “melhorar a produção, realização e difusão dos conteúdos que geram”. “Unificam-se os critérios de difusão em redes sociais e reiniciará a comunicação digital logo após uma reorganização interna das empresas”, complementou o comunicado.

O Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (SiPreBa) rechaçou a medida e defendeu que o governo está passando por cima do Senado argentino com a intervenção nos meios públicos. “Denunciamos esta nova mostra de censura e de intimidação que se soma ao silenciamento da Telám”, afirmou em comunicado.

O governo argentino trava uma batalha contra a mídia pública, acusada de favorecer adversários políticos de Milei. Além disso, a agenda de privatizações inclui a venda dessas companhias.

Inspirada no modelo europeu, a mídia pública na Argentina, assim como em outros países da América Latina, surge com a promessa de oferecer à população um conteúdo que, por não ter interesse comercial envolvido, não seria oferecido pela mídia privada, explicou o professor de comunicação da Universidade de Quilmes, na Argentina, Guillermo Mastrini.

“Quando você analisa a mídia comercial, as redes privadas, é [representa] a voz de São Paulo e Rio de Janeiro e, no caso da Argentina, de Buenos Aires. Quase ninguém mais tem visibilidade na mídia. A mídia pública é uma mídia que, como não tem objetivo de lucro, tem a possibilidade de mostrar as pessoas que não formam parte dos centros econômicos”, destacou.

No Brasil, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que controla a Agência Brasil, é responsável por gerir os veículos públicos federais do país. Criada em 2007, a EBC atende ao Artigo 223 da Constituição Federal, que determina que o serviço de radiodifusão deve observar o princípio da complementaridade entre os sistemas privado, público e estatal de comunicação.

Além da Agência Brasil, a EBC administra a TV Brasil e as rádios EBC, como a Rádio Nacional e a Rádio Nacional da Amazônia.

Fonte: Agência Brasil

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