Lula retira embaixador brasileiro de Israel em gesto político, o posto fica vago

A decisão de remover embaixador de Israel é vista como manifestação de descontentamento com o governo israelense

Por Carlos Sousa, 29/05/2024 13:51

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou de Israel o embaixador Frederico Meyer, que ocupava o principal posto da representação brasileira em Tel Aviv. Meyer foi transferido para a Conferência do Desarmamento, em Genebra, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). A nomeação de Meyer para a missão permanente do Brasil na ONU foi publicada no Diário Oficial nesta quarta-feira (29).

Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil Embaixada Brasileira em Israel

Embaixada Brasileira em Tel Aviv - Israel

Especialistas em relações internacionais interpretam a ausência de um substituto imediato como um gesto político. Bruno Fabricio Alcebino da Silva, do Observatório de Política Externa Brasileira (OPEB) da Universidade Federal do ABC, afirmou que a remoção do embaixador é "claramente política" e sinaliza descontentamento com as políticas do governo israelense. Ele acrescentou que a substituição do embaixador por um encarregado de Negócios reflete uma estratégia diplomática deliberada.

O Ministério das Relações Exteriores não se manifestou sobre o tema, mas no Palácio do Planalto a avaliação é de que o gesto foi político.

Críticas às Ações de Israel

O presidente Lula criticou recentemente as ações de Israel na Faixa de Gaza, classificando-as como genocídio contra o povo palestino. No sábado (25), durante um evento em Guarulhos (SP), Lula pediu solidariedade às mulheres e crianças palestinas. Na segunda-feira (27), o Itamaraty afirmou que as ações de Israel em Gaza violam direitos humanos.

Contexto do Conflito

O conflito no Oriente Médio intensificou-se após um ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou em 1,2 mil mortes. Desde então, mais de 35 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças, perderam a vida.

Em fevereiro, Meyer foi convocado de volta ao Brasil após ser chamado pelo governo israelense para uma reprimenda em razão de declarações de Lula comparando ações de Israel às de Hitler na Segunda Guerra Mundial. Meyer participou de um evento no Museu do Holocausto, onde os discursos foram proferidos em hebraico, idioma que não domina.

Reconhecimento do Estado da Palestina

O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota saudando Espanha, Irlanda e Noruega por reconhecerem oficialmente o Estado da Palestina. O Brasil fez esse reconhecimento em 2010 e pede que outros países sigam o exemplo, reafirmando a defesa da solução de dois Estados.

“O Brasil reafirma a defesa da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, completou o Itamaraty.

Fonte: Agência Brasil