Bolsonaro é acusado por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro
Investigação revela participação ativa de Bolsonaro no comércio ilegal de joias nos EUA
Após um ano e quatro meses de investigações, a Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito que apurava a retirada ilegal e venda de joias sauditas doadas à Presidência da República durante a gestão passada. A PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e agora caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se apresenta denúncia à Corte.
A investigação aponta que Bolsonaro teve participação ativa nos atos que resultaram no transporte e comercialização das joias nos Estados Unidos. Além de Bolsonaro, foram indiciadas outras 11 pessoas, incluindo o ex-ajudante de ordens Mauro Cid; o pai dele, Mauro Cesar Cid; os advogados Frederick Wassef e Fabio Wajngarten; o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque; e o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes.
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Em maio, uma comitiva da PF foi enviada aos Estados Unidos, onde, em conjunto com o FBI, visitaram uma loja de penhor onde as joias teriam sido vendidas. A investigação revela que os envolvidos sabiam da ilegalidade e tentaram ocultar provas. Entre as evidências apresentadas estão informações sobre viagens aos Estados Unidos, tentativas de entrada no país sem declarar as joias na alfândega, registros de venda dos itens em joalherias americanas, devolução de parte do acervo após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e uma foto tirada por Mauro Cesar Cid, refletido no espelho da caixa que armazenava os itens de luxo.
As joias incluem um relógio de ouro branco da marca Rolex, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico, recebidos por Bolsonaro durante uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019. O relógio foi vendido por R$ 300 mil em uma joalheria na Pensilvânia, Estados Unidos, e levado ao exterior em uma comitiva oficial do então presidente.
Bolsonaro nega qualquer irregularidade, e sua defesa informou que se manifestará após ter acesso ao relatório da investigação. Fabio Wajngarten, através das redes sociais, afirmou que seu indiciamento é uma violação das prerrogativas da advocacia, argumentando que foi indiciado simplesmente por defender um cliente, sem qualquer prova contra ele.
A PF não pediu a decretação de prisão preventiva ou temporária para nenhum dos investigados. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, mencionada durante as investigações, não foi indiciada, pois não ocupava cargo público na época dos fatos.
Espera-se que, neste mês, também sejam concluídos os inquéritos sobre a suposta fraude no cartão de vacinas de Bolsonaro e de seus familiares, além da investigação sobre a participação do ex-presidente na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. A apuração sobre um esquema paralelo de espionagem realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro deve ser finalizada em agosto deste ano.
Fonte: Correio Braziliense