Nem sempre Jeová é Deus

Antropofagia do PP tem nome e rosto, Bruno Vilarinho

Por Honorina Reis Melo, 06/02/2025 08:24 - Atualizado às 09:45

A Câmara Municipal de Teresina foi palco de mais uma manobra política do vice-prefeito Jeová Alencar. Desta vez, ele articulou para tentar excluir o vereador Petrus Evelyn (PP) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a vereadora Samantha Cavalca (PP) da Comissão de Finanças, garantindo que aliados seus ocupassem essas posições estratégicas. Para isso, contou com o apoio do vereador Pedro Alcântara (PP), que, apesar de sua longa trajetória política e mais de 70 anos de idade, demonstrou total inabilidade na condução da situação, e do vereador Bruno Vilarinho (PTB), que tem atuado como porta-voz das "articulações" da Prefeitura dentro da Câmara.

Foto: Reprodução

Petrus Evelyn | Samantha Cavalca

O resultado foi que, mesmo não conseguindo excluí-los completamente, Jeová conseguiu deixar Petrus e Samantha à suplência, enquanto seu grupo consolidava controle sobre as comissões.

Pedro Alcântara: um político desastrado e que se deixou levar

A movimentação começou quando PP, Republicanos e União Brasil formaram um bloco para indicar os nomes às comissões. Pedro Alcântara foi escolhido como líder desse grupo, mas, sem consultar ninguém, decidiu se autoproclamar indicado para a CCJ e colocar o filho de Jeová Alencar na Comissão de Finanças, numa tentativa clara de manobrar as indicações do próprio partido.

A atitude gerou revolta dentro do PP. Pedro, que possui apenas dois cargos em seu gabinete, teria sido seduzido por Jeová Alencar com a promessa de nomeações na gestão municipal e uma melhora em sua situação como suplente. Em vez de agir como um líder responsável, ele se mostrou desastrado e perdeu a confiança dos pares de partido, tentando articular contra seus próprios colegas de partido para atender aos interesses do vice-prefeito.

Diante dessa jogada vista pelos colegas de partido como imoral, Petrus Evelyn e Samantha Cavalca decidiram sair do bloco, deixando claro que não compactuariam com as manobras de Pedro Alcântara.

A Disputa Pelo Comando da Liderança do PP

Durante a sessão que definiria as comissões, a presidência da Câmara, comandada por Enzo Samuel (PDT), recebeu um ofício assinado pelo presidente municipal do PP, Aluísio Sampaio, indicando Samantha Cavalca como líder do partido na Câmara. Essa nomeação permitiria que ela fizesse as indicações do partido para as comissões, garantindo a presença de Petrus Evelyn na CCJ e dela mesma na Comissão de Finanças.

No entanto, em um novo golpe nos bastidores, Pedro Alcântara afirmou que um segundo ofício seria enviado, revogando a decisão de Aluísio e indicando ele próprio como líder do PP. Essa movimentação expôs a manobra coordenada entre Pedro e Jeová Alencar, que nem sequer faz parte do PP — disseram nos bastidores —, mas tentava controlar as indicações do partido para favorecer seu grupo político.

A Participação de Bruno Vilarinho e o Controle das Comissões

Outro personagem que tem se destacado como operador da Prefeitura dentro da Câmara é o vereador Bruno Vilarinho (PTB). Sonhando em ser o próximo presidente da Casa, ele tem atuado como um verdadeiro porta-voz das articulações do vice-prefeito. No episódio da formação das comissões, Bruno trabalhou ativamente para enfraquecer a posição de Petrus Evelyn e Samantha Cavalca, ajudando na articulação dos novos blocos montados por Jeová.

Com essa jogada, o segundo homem na gestão da prefeitura, conseguiu dividir os vereadores remanescentes em dois novos blocos partidários, garantindo que seu próprio filho assumisse uma vaga na Comissão de Finanças, uma das mais estratégicas da Casa, responsável pela análise do orçamento, das contas do município e das principais decisões financeiras.

Já Petrus Evelyn e Samantha Cavalca, sem bloco para sustentá-los, acabaram ficando apenas como suplentes — Petrus na CCJ e Samantha na Comissão de Finanças.

A manobra deixou evidente a influência que Jeová Alencar ainda exerce sobre a Câmara, mesmo como vice-prefeito, e como Pedro Alcântara e Bruno Vilarinho atuaram para favorecer esse "esquema" de dança de cadeiras, em detrimento dos interesses do próprio PP. A disputa dentro do partido, no entanto, está longe de acabar, e novos desdobramentos podem expor ainda mais os bastidores dessa movimentação.

De fato é verdade, a política é a guerra por outros meios.

Fonte: Portal AZ