Oposição denuncia Erica Hilton ao MPF e Conselho de Ética por nomeação suspeita

Parlamentares acusam deputada de usar estrutura pública para favorecer maquiadores

Por Dominic Ferreira,

A oposição na Câmara dos Deputados protocolou nesta terça-feira, 24 de junho de 2025, representações junto ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Conselho de Ética da Câmara contra a deputada federal Erica Hilton (PSol-SP). As acusações, lideradas pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), alegam que a parlamentar utilizou a estrutura pública para fins pessoais ao nomear dois maquiadores pessoais para cargos comissionados em seu gabinete.

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos DeputadosDeputada Erika Hilton.
Deputada Erika Hilton.

Os documentos apresentados pela oposição afirmam que os assessores, Índy Montiel da Cunha Rocha e Ronaldo Camargo Hass, foram contratados para exercer funções de secretário parlamentar, mas que suas principais atividades seriam a prestação de serviços estéticos à deputada. Bilynskyj argumenta que essa contratação configura um ato de improbidade administrativa e quebra do decoro parlamentar, violando princípios constitucionais da administração pública, como legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência.

Os registros indicam que Ronaldo Hass, nomeado em maio de 2025, recebe um salário de R$ 9.600,00, enquanto Índy Montiel, contratado em junho, recebe R$ 2.100,00. Bilynskyj solicita ao MPF a abertura de um inquérito para investigar a situação e um possível ressarcimento ao erário. No Conselho de Ética, a representação busca que Hilton seja investigada por violações ao Código de Ética e Decoro Parlamentar, o que pode resultar em sanções que variam de censura à perda do mandato.

Entre as atividades que os maquiadores publicam nas redes sociais junto à deputada, estão maquiagens para gravações de entrevistas, fotos para revistas e eventos voltados ao público LGBTQIAPN+, como a ‘Marsha Trans’, realizada em Brasília em janeiro deste ano, além de ensaios de carnaval. Também há registros de produções para eventos políticos, incluindo a posse de Erica Hilton na Câmara, onde a deputada assumiu a liderança do PSOL e recebeu condecoração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Correio buscou um posicionamento da deputada sobre as contratações e recebeu uma resposta por meio do advogado Flávio Siqueira, que afirmou:

“Isso é simplesmente uma invenção. Ambos fazem atividades institucionais como secretários parlamentares, me assessoram nas comissões, ajudam a fazer relatórios, preparam meus briefings, dialogam diretamente com a população e atores da sociedade civil, e me acompanham nas minhas agendas em Brasília, em São Paulo, nos interiores e no exterior. Tudo isso está comprovado por fotos, vídeos e pelo próprio trabalho cotidiano deles.”

Siqueira também destacou que, embora os assessores sejam amigos de Hilton e trabalhem com maquiagem fora das atividades parlamentares, isso não é a razão de suas nomeações. “Se não me maquiassem, continuariam sendo meus secretários parlamentares. Eles não foram nomeados por me maquiar, mas sim por contribuírem muito com a minha atuação parlamentar, seja na pauta LGBTQIA+ ou em tantas outras que meu mandato toca diariamente”, completou.

Fonte: Correio Braziliense

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